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DESGASTE PETISTA
Senador do PT afirma que governo recebe críticas contundentes inclusive de aliados por não pautar logo Legislativo
Paim diz que Lula "vacila" ao adiar reformas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Paulo Paim (PT-RS),
vice-presidente do Senado, afirmou ontem que o governo Luiz
Inácio Lula da Silva está "vacilando" ao protelar o encaminhamento das propostas de reformas
estruturais ao Congresso. Na sua
opinião, o Executivo tem recebido críticas contundentes de deputados e senadores -inclusive de
aliados- exatamente por não
pautar o Legislativo.
"O governo está vacilando em
não ter uma proposta neste momento que fizesse o Congresso ser
pautado pelo Executivo", afirmou. Segundo ele, se houvesse
projetos, os congressistas debateriam os temas específicos e a resposta caberia aos respectivos ministros. "Hoje, se discute tudo e
não se discute nada", afirmou.
Para mudar esse quadro, Paim
defende que o Planalto comece logo a debater com o Congresso a
reforma tributária, que considera
"a reforma mãe". Lembra que já
existe uma minuta dessa reforma
na Câmara, de cuja elaboração o
ministro Antonio Palocci (Fazenda) participou como deputado.
"Em casa onde ninguém tem o
que fazer, prevalece a mente do
diabo", afirmou Paim. E explicou
como o ditado se aplica à situação
atual, em que o governo vem sofrendo ataques até de aliados, como o presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP): "Como o
governo não está pautando o
Congresso, acaba ele, o Congresso, pautando o governo. E o faz
em cima de críticas."
Na sexta-feira, João Paulo Cunha disse que o governo "bate a
cabeça" na composição política
no Congresso e demora a enviar
as reformas para o Legislativo.
"O governo precisa acertar o
passo. Eu acho que, do ponto de
vista político, precisa definir um
pouco mais as suas prioridades",
disse João Paulo.
Paim vai na mesma linha ao
afirmar que "até o momento falta
conexão entre o Executivo e o Legislativo, inclusive com a própria
base governista".
O líder do governo no Senado e
no Congresso, senador Aloizio
Mercadante (PT-SP), defendeu a
cautela do Executivo em apresentar as reformas, dizendo que o governo Fernando Henrique Cardoso ficou oito anos tentando aprovar a tributária e não conseguiu.
"Se não houver uma construção
política e um diálogo com os 27
governadores, com os prefeitos
-pelo menos com os das capitais- e com as forças da produção, é difícil imaginar que se consiga prosperar na reforma tributária", disse Mercadante.
Mais críticas
Ontem, foi mais um dia de críticas ao governo na sessão do Senado. O vice-líder do PSDB, Romero
Jucá (RR), subiu à tribuna para
atacar a entrevista concedida pelo
ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) à revista
"Veja" desta semana. O ministro
apresentou argumentos para justificar as invasões de terra pelo
MST, disse que prefere usar a palavra "ocupação" em vez de "invasão", e afirmou que contrataria
o líder do MST João Pedro Stédile
para trabalhar no Incra.
"Segundo o ministro, todos podem invadir e tomar na marra,
porque é legítimo socialmente.
(...) Cada vez que o ministro fala
uma bobagem dessa acende o
conflito.(...) Somos a favor da reforma agrária, mas, com posições
como essa, a violência no campo
vai ser muito maior", afirmou.
Senadores do PMDB e do PFL
apoiaram Jucá. O vice-líder tucano vai apresentar requerimento
convocando Rossetto a dar explicações ao Senado sobre suas declarações. Ele cobrou do governo
uma posição em relação às afirmações do ministro.
(RU)
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