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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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DESGASTE PETISTA

Senador do PT afirma que governo recebe críticas contundentes inclusive de aliados por não pautar logo Legislativo

Paim diz que Lula "vacila" ao adiar reformas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Paulo Paim (PT-RS), vice-presidente do Senado, afirmou ontem que o governo Luiz Inácio Lula da Silva está "vacilando" ao protelar o encaminhamento das propostas de reformas estruturais ao Congresso. Na sua opinião, o Executivo tem recebido críticas contundentes de deputados e senadores -inclusive de aliados- exatamente por não pautar o Legislativo.
"O governo está vacilando em não ter uma proposta neste momento que fizesse o Congresso ser pautado pelo Executivo", afirmou. Segundo ele, se houvesse projetos, os congressistas debateriam os temas específicos e a resposta caberia aos respectivos ministros. "Hoje, se discute tudo e não se discute nada", afirmou.
Para mudar esse quadro, Paim defende que o Planalto comece logo a debater com o Congresso a reforma tributária, que considera "a reforma mãe". Lembra que já existe uma minuta dessa reforma na Câmara, de cuja elaboração o ministro Antonio Palocci (Fazenda) participou como deputado.
"Em casa onde ninguém tem o que fazer, prevalece a mente do diabo", afirmou Paim. E explicou como o ditado se aplica à situação atual, em que o governo vem sofrendo ataques até de aliados, como o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP): "Como o governo não está pautando o Congresso, acaba ele, o Congresso, pautando o governo. E o faz em cima de críticas."
Na sexta-feira, João Paulo Cunha disse que o governo "bate a cabeça" na composição política no Congresso e demora a enviar as reformas para o Legislativo.
"O governo precisa acertar o passo. Eu acho que, do ponto de vista político, precisa definir um pouco mais as suas prioridades", disse João Paulo.
Paim vai na mesma linha ao afirmar que "até o momento falta conexão entre o Executivo e o Legislativo, inclusive com a própria base governista".
O líder do governo no Senado e no Congresso, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu a cautela do Executivo em apresentar as reformas, dizendo que o governo Fernando Henrique Cardoso ficou oito anos tentando aprovar a tributária e não conseguiu.
"Se não houver uma construção política e um diálogo com os 27 governadores, com os prefeitos -pelo menos com os das capitais- e com as forças da produção, é difícil imaginar que se consiga prosperar na reforma tributária", disse Mercadante.

Mais críticas
Ontem, foi mais um dia de críticas ao governo na sessão do Senado. O vice-líder do PSDB, Romero Jucá (RR), subiu à tribuna para atacar a entrevista concedida pelo ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) à revista "Veja" desta semana. O ministro apresentou argumentos para justificar as invasões de terra pelo MST, disse que prefere usar a palavra "ocupação" em vez de "invasão", e afirmou que contrataria o líder do MST João Pedro Stédile para trabalhar no Incra.
"Segundo o ministro, todos podem invadir e tomar na marra, porque é legítimo socialmente. (...) Cada vez que o ministro fala uma bobagem dessa acende o conflito.(...) Somos a favor da reforma agrária, mas, com posições como essa, a violência no campo vai ser muito maior", afirmou.
Senadores do PMDB e do PFL apoiaram Jucá. O vice-líder tucano vai apresentar requerimento convocando Rossetto a dar explicações ao Senado sobre suas declarações. Ele cobrou do governo uma posição em relação às afirmações do ministro. (RU)


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