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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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ANÁLISE

Incompetência política paralisa ação do governo

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Incompetência e sobreposição de funções. É sobretudo isso que vem paralisando a ação do governo na Câmara, bem como gerando conflitos pontuais na administração do presidente Lula.
A entrada do PMDB na base do governo, o que daria tranquilidade para votações complicadas, transformou-se numa novela. Ela parece estar chegando ao fim.
Mas isso só aconteceu após a sexta-feira passada, quando dirigentes do PMDB ouviram do presidente que o partido terá um ministério até dezembro.
Agora, os líderes do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), e no Senado, Renan Calheiros (AL), costuram internamente suas bancadas para realizar reuniões e oficializar o namoro com o PT.
Ao mesmo tempo, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, já faz a partilha de cargos e trata com governadores do PMDB da entrada do partido na base.
Enquanto são feitas as últimas tratativas em relação ao PMDB, resta ao líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), aguardar e tentar amenizar conflitos entre os partidos aliados.
Nessa missão, Rebelo sofre discreto boicote do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), que gostaria de ter participação mais ativa nas decisões do governo e votar logo algo importante, para tirar da Casa que preside a imagem de paralisia.
O problema é que João Paulo não anda muito popular entre os líderes dos partidos na Câmara. Eles não gostaram de o presidente da Casa ter decidido a pauta sem escutá-los antes. Isso inclui gente como o peemedebista Oliveira e Nelson Pellegrino (PT-BA).
Pellegrino, aliás, tem de lidar com as resistências da bancada do PT às políticas que o partido aplica no Executivo. As reservas em relação à política econômica e às reformas previdenciária e tributária não estão concentrados apenas no deputada Babá (PA) ou na deputada Luciana Genro (RS), ambos da ala esquerda do PT.
Lula sabe disso e já mandou um recado: não tolerará voto contra. Ou seja, enquanto Lula não tiver o PMDB para poder ter gordura política no Congresso, será difícil apaziguar a base formal que tem hoje. É por isso que a imagem de paralisia do governo no Legislativo está mais relacionada à incompetência do que a uma disputa de poder entre caciques do PT.
Essa disputa já é forte atualmente, mas terá seu grande primeiro round quando for a hora de pensar para valer na eleição de 2006 ao governo paulista. Há muitos candidatos: o ministro José Dirceu (Casa Civil), o presidente do PT, José Genoino, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.


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