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ANÁLISE
Incompetência política paralisa ação do governo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Incompetência e sobreposição
de funções. É sobretudo isso que
vem paralisando a ação do governo na Câmara, bem como gerando conflitos pontuais na administração do presidente Lula.
A entrada do PMDB na base do
governo, o que daria tranquilidade para votações complicadas,
transformou-se numa novela. Ela
parece estar chegando ao fim.
Mas isso só aconteceu após a
sexta-feira passada, quando dirigentes do PMDB ouviram do presidente que o partido terá um ministério até dezembro.
Agora, os líderes do PMDB na
Câmara, Eunício Oliveira (CE), e
no Senado, Renan Calheiros (AL),
costuram internamente suas bancadas para realizar reuniões e oficializar o namoro com o PT.
Ao mesmo tempo, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, já
faz a partilha de cargos e trata
com governadores do PMDB da
entrada do partido na base.
Enquanto são feitas as últimas
tratativas em relação ao PMDB,
resta ao líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
aguardar e tentar amenizar conflitos entre os partidos aliados.
Nessa missão, Rebelo sofre discreto boicote do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP),
que gostaria de ter participação
mais ativa nas decisões do governo e votar logo algo importante,
para tirar da Casa que preside a
imagem de paralisia.
O problema é que João Paulo
não anda muito popular entre os
líderes dos partidos na Câmara.
Eles não gostaram de o presidente
da Casa ter decidido a pauta sem
escutá-los antes. Isso inclui gente
como o peemedebista Oliveira e
Nelson Pellegrino (PT-BA).
Pellegrino, aliás, tem de lidar
com as resistências da bancada do
PT às políticas que o partido aplica no Executivo. As reservas em
relação à política econômica e às
reformas previdenciária e tributária não estão concentrados apenas no deputada Babá (PA) ou na
deputada Luciana Genro (RS),
ambos da ala esquerda do PT.
Lula sabe disso e já mandou um
recado: não tolerará voto contra.
Ou seja, enquanto Lula não tiver o
PMDB para poder ter gordura política no Congresso, será difícil
apaziguar a base formal que tem
hoje. É por isso que a imagem de
paralisia do governo no Legislativo está mais relacionada à incompetência do que a uma disputa de
poder entre caciques do PT.
Essa disputa já é forte atualmente, mas terá seu grande primeiro
round quando for a hora de pensar para valer na eleição de 2006
ao governo paulista. Há muitos
candidatos: o ministro José Dirceu (Casa Civil), o presidente do
PT, José Genoino, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e a prefeita de São
Paulo, Marta Suplicy.
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