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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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ALÉM DA CARROÇA

Lula conta piadas, puxa coro e aplausos

Petista vira "animador de auditório"

Almeida Rocha/Folha Imagem
Lula e Alckmin acenam de carro da Volkswagen em comemoração da empresa


Eduardo Knapp - 23.ago.93/Folha Imagem
Itamar Franco desfila em um Fusca durante a cerimônia de relançamento do carro


Folha Imagem
Juscelino Kubitschek desfila na inauguração da Volkswagen no Brasil, em novembro de 1959


DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou mão ontem de recursos típicos dos animadores de auditório para entreter uma platéia formada por quase 11 mil trabalhadores na Volkswagen.
De terno bege e ao lado da mulher, Marisa, Lula repetiu frases de efeito e promessas antigas de campanha, encaixou piadas, organizou coros e pediu aplausos para o presidente da multinacional alemã, Bernd Pischetsrieder. O discurso durou meia hora.
Andando de um lado para o outro do palanque montado no pátio da montadora e com um microfone nas mãos, Lula pediu aos funcionários que gritassem, em coro, o nome de um novo carro da montadora.
"Quando eu estava ouvindo o governador [Geraldo Alckmin] falar, ouvi vocês gritarem o nome de um carro que querem que seja fabricado aqui. Mas, para que ele seja fabricado aqui, o presidente da República não pode fazer nada porque qualquer outro Estado também é Brasil. Mas vocês podem, se souberem, gritar o nome do carro com muita força, para o presidente da Volkswagen ouvir."
Aos gritos de "Tupi, Tupi", os trabalhadores responderam ao presidente Lula. Executivos da matriz alemã da empresa, que estavam no local para a comemoração, sorriam do discurso do presidente, acompanhado por meio de fones de tradução simultânea.
"O presidente mundial da Volkswagen merece uma consideração especial. Ele não fala uma palavra em português e passou 15 dias estudando a língua para fazer esse discurso para vocês entenderem o que ele ia falar. Se eu soubesse disso, teria passado 15 aprendendo um discurso em alemão", disse o presidente.
A multidão respondeu com aplausos e jingles de antigas campanhas do petista. Lula brincou com torcedores que vestiam camisas de clubes. "Daqui, eu estou vendo corintianos, são-paulinos, palmeirenses, santistas". As torcidas gritavam e balançavam bandeiras do Brasil e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Ao discursar, vendo a multidão no pátio, o presidente da Volkswagen do Brasil, Paul Fleming, disse em inglês: "Uau. Doble [duplo] uau".

Críticas
Em meio à multidão, alguns protestos silenciosos. Uma faixa estendida em frente ao palco protestava contra o governo: "Queremos a correção da tabela do imposto de renda".
Outras criticavam o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Enquanto esteve na fábrica, das 10h30 às 13h, Lula foi ovacionado pelos trabalhadores e pediu apoio para as reformas tributária e da Previdência. Segundo Luiz Marinho, presidente do sindicato, os metalúrgicos apoiarão as reformas.
A visita à montadora rendeu dividendos para o Fome Zero. A Volkswagen doou dois caminhões e um automóvel para o programa. Segundo a empresa, nos próximos 12 meses cada unidade de automóvel ou caminhão vendida no país transferirá três quilos de alimentos ao Fome Zero.
Ao se despedir, Lula prometeu rever os "companheiros" nos comícios do 1º de Maio, Dia do Trabalho. (JD E JAB)


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