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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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PREVIDÊNCIA

Sindicatos querem barrar tramitação do PL-9; paralisação deverá durar 24 horas e está marcada para o dia 8

Servidores federais marcam 1ª greve do governo petista

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os servidores públicos federais marcaram a primeira paralisação do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A CNESF (Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais) -fórum composto por 11 entidades sindicais que reúnem cerca de 800 mil servidores públicos do país- comandará uma greve de 24 horas no próximo dia 8.
A idéia da paralisação relâmpago é alertar o governo sobre o risco de uma paralisação por tempo indeterminado caso o Executivo insista na tramitação do PL-9 (projeto de lei número 9, do governo Fernando Henrique Cardoso, que prevê a criação de fundos de previdência complementar para futuros servidores) no Congresso Nacional.
"Será um dia nacional de luta em defesa da Previdência. Estamos chamando para a mobilização também servidores estaduais e municipais e trabalhadores da iniciativa privada", disse o representante dos servidores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na coordenação, Paulo Barela.
Até agora, os servidores vinham adotando um tom ameno nas negociações com o governo federal em torno de uma extensa pauta de reivindicações -que incluía, entre outras, um reajuste salarial de 46,95%.

FMI
A inclusão da aprovação do PL-9 na carta de intenções que o governo entregou ao FMI (Fundo Monetário Internacional), no entanto, azedou o clima entre Executivo e servidores.
Na carta, o governo ainda se compromete a enviar ao Congresso um projeto de regulamentação do PL-9 até junho.
"Se alguém está rompendo as negociações não somos nós com a paralisação, mas sim o governo ao fazer o acerto com o FMI", comentou Barela. "A criação de fundos de pensão autorizada pelo PL-9 é uma injeção de recursos públicos no mercado financeiro", acrescentou.
No final de fevereiro, o governo abriu um canal de negociações com os servidores públicos em uma reunião que contou com a presença de seis ministros de peso do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Na saída do encontro, os sindicalistas afastaram a possibilidade de greve, mesmo tendo ouvido dos representantes do governo que o reajuste salarial deste ano não passará de 4%.

CUT
A paralisação de 24 horas foi aprovada com o apoio unânime de dez entidades que participaram de reunião plenária da CNESF.
Quase todas elas são ligadas à CUT (Central Única dos Trabalhadores). Na semana passada, o presidente da central, João Felício, disse que, dependendo das mudanças a serem feitas no PL-9, a entidade pode apoiar a votação do projeto.
"Embora a maioria das entidades seja ligada à CUT, não nos subordinamos à posição da central. Não concordamos, por exemplo, com a idéia de que a saída para a questão do teto salarial para o PL-9 seja elevá-lo para 20 salários mínimos", afirmou Barela.
Um dos pleitos da CUT na discussão da reforma da Previdência é elevar o teto para os benefícios de aposentadoria (o que inclui os novos servidores públicos, caso o PL-9 seja aprovado) dos atuais R$ 1.561 (equivalente a 7,8 salários mínimos) para 20 salários mínimos (R$ 4.000).


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