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PREVIDÊNCIA
Sindicatos querem barrar tramitação do PL-9; paralisação deverá durar 24 horas e está marcada para o dia 8
Servidores federais marcam 1ª greve do governo petista
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os servidores públicos federais
marcaram a primeira paralisação
do governo Luiz Inácio Lula da
Silva. A CNESF (Coordenação
Nacional das Entidades dos Servidores Federais) -fórum composto por 11 entidades sindicais
que reúnem cerca de 800 mil servidores públicos do país- comandará uma greve de 24 horas
no próximo dia 8.
A idéia da paralisação relâmpago é alertar o governo sobre o risco de uma paralisação por tempo
indeterminado caso o Executivo
insista na tramitação do PL-9
(projeto de lei número 9, do governo Fernando Henrique Cardoso, que prevê a criação de fundos
de previdência complementar para futuros servidores) no Congresso Nacional.
"Será um dia nacional de luta
em defesa da Previdência. Estamos chamando para a mobilização também servidores estaduais
e municipais e trabalhadores da
iniciativa privada", disse o representante dos servidores do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) na coordenação,
Paulo Barela.
Até agora, os servidores vinham
adotando um tom ameno nas negociações com o governo federal
em torno de uma extensa pauta
de reivindicações -que incluía,
entre outras, um reajuste salarial
de 46,95%.
FMI
A inclusão da aprovação do PL-9 na carta de intenções que o governo entregou ao FMI (Fundo
Monetário Internacional), no entanto, azedou o clima entre Executivo e servidores.
Na carta, o governo ainda se
compromete a enviar ao Congresso um projeto de regulamentação
do PL-9 até junho.
"Se alguém está rompendo as
negociações não somos nós com a
paralisação, mas sim o governo ao
fazer o acerto com o FMI", comentou Barela. "A criação de fundos de pensão autorizada pelo
PL-9 é uma injeção de recursos
públicos no mercado financeiro",
acrescentou.
No final de fevereiro, o governo
abriu um canal de negociações
com os servidores públicos em
uma reunião que contou com a
presença de seis ministros de peso
do governo Luiz Inácio Lula da
Silva.
Na saída do encontro, os sindicalistas afastaram a possibilidade
de greve, mesmo tendo ouvido
dos representantes do governo
que o reajuste salarial deste ano
não passará de 4%.
CUT
A paralisação de 24 horas foi
aprovada com o apoio unânime
de dez entidades que participaram de reunião plenária da
CNESF.
Quase todas elas são ligadas à
CUT (Central Única dos Trabalhadores). Na semana passada, o
presidente da central, João Felício, disse que, dependendo das
mudanças a serem feitas no PL-9,
a entidade pode apoiar a votação
do projeto.
"Embora a maioria das entidades seja ligada à CUT, não nos subordinamos à posição da central.
Não concordamos, por exemplo,
com a idéia de que a saída para a
questão do teto salarial para o PL-9 seja elevá-lo para 20 salários mínimos", afirmou Barela.
Um dos pleitos da CUT na discussão da reforma da Previdência
é elevar o teto para os benefícios
de aposentadoria (o que inclui os
novos servidores públicos, caso o
PL-9 seja aprovado) dos atuais R$
1.561 (equivalente a 7,8 salários
mínimos) para 20 salários mínimos (R$ 4.000).
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