São Paulo, sábado, 25 de março de 2006

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PT fala em "vazamento" e se compara à oposição

DA REDAÇÃO

Em reação às críticas da oposição e da sociedade à violação de sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o PT tentou ontem minimizar a ação, qualificando-a como um "vazamento" e dizendo que a oposição costuma fazer uso desse expediente.
Em entrevistas à rádio CBN, os pré-candidatos ao governo de São Paulo Marta Suplicy e Aloizio Mercadante defenderam que a violação do sigilo de Francenildo seja investigada, mas voltaram o foco para a acusação.
Mercadante, que na véspera havia ido à tribuna do Senado dizer que a divulgação de trechos de uma conversa telefônica entre a ex-superintendente do Departamento de Águas e Esgotos em Ribeirão Preto Isabel Bordini e o advogado Rogério Buratti em uma sessão da CPI dos Bingos "também constitui violação de sigilo", ontem levantou suspeitas de que Francenildo possa ter recebido dinheiro da oposição para fazer as acusações contra o ministro Antonio Palocci, "como a mãe da Lurian [filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva] recebeu dinheiro do [Fernando] Collor em 1989".
Já Marta afirmou:"Esses sigilos estão sendo quebrados, vazados, há algum tempo. E eu acho inadequado qualquer vazamento, qualquer quebra, sem ser dentro da lei. Mas eu me lembro que o sigilo do [ex-ministro] Zé Dirceu foi quebrado por um deputado da oposição [Onyx Lorenzoni, do PFL-RS] em coletiva, que está sendo processado. O do presidente do Banco Central, o Henrique Meirelles, foi quebrado também. E não se falou nada".
A opção pela palavra "vazamento", em vez de violação, foi também adotada pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini, em declaração ao "Painel": "Não reconheço legitimidade da oposição para cobrar nada. A oposição a todo momento vaza dados sigilosos".
A estratégia seguida por Berzoini, Mercadante e Marta lembra a adotada pelo PT há alguns meses, quando surgiram as primeiras denúncias de corrupção no atual escândalo. Naquela ocasião, o partido adotou um discurso de que o que tinha acontecido era apenas caixa dois, uma prática que seria comum a todos os partidos. Lula chegou a dizer em Paris, em julho passado, que "o PT fez, do ponto de vista eleitoral, o que é feito sistematicamente no país".
Anteontem, o deputado cassado José Dirceu já havia usado o discurso de que a oposição vaza dados sigilosos usualmente. Também à CBN disse que "a oposição abusou de quebrar sigilo, e de certa maneira muitos setores da imprensa estimularam, clamaram pela quebra do sigilo e expuseram a quebra do sigilo".


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