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Caixa, Fazenda, Coaf e PF fazem jogo de empurra
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A operação montada dentro do
governo para tentar manter Antonio Palocci no comando do Ministério da Fazenda tem alimentado um embate nos bastidores do
governo entre os órgãos que, de
alguma forma, estão envolvidos
com a quebra do sigilo bancário
do caseiro Francenildo Costa.
O resultado são informações
desencontradas e um jogo para
empurrar responsabilidades a
terceiros que envolve a Fazenda, a
Caixa Econômica Federal, a Polícia Federal e o Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), subordinado ao ministro.
Apontado como o maior beneficiário da quebra de sigilo do caseiro e com um assessor próximo
sob suspeita, Palocci é uma das
peças centrais nas investigações
para descobrir os responsáveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vinha tentando segurá-lo
Palocci no cargo, mas exige que
alguém seja punido.
A Caixa Econômica Federal, de
onde saíram os dados sobre a movimentação financeira de Francenildo, está com a sua credibilidade abalada depois da quebra de
dados sigilosos e, até agora, não
conseguiu explicar de onde saiu a
ordem para vasculhar a conta
bancária do caseiro.
Controlada integralmente pelo
governo federal, a Caixa ao mesmo tempo que promete transparência no processo de apuração
deixa várias perguntas sem respostas. Para justificar o fato de
não terem tornado públicos os
nomes dos suspeitos -encaminhados nesta semana para a Polícia Federal-, a assessoria da instituição alega que isso seria culpá-los antecipadamente. Ainda assim, puniu os funcionários afastando das funções que exerciam.
Além disso, a Caixa não disse
ainda por que a comissão que está
investigando a violação do sigilo
não ouviu os funcionários antes
de eles serem afastados do cargo.
Segundo a assessoria do banco, isso ocorreria ontem, mas a Caixa
não confirmou nem sequer se os
dois funcionários tinham sido localizados pela instituição.
Já na Fazenda, circularam rumores de que o assessor especial
de Palocci, Marcelo Netto, seria
afastado do cargo, o que gerou
uma reação no ministério. A avaliação era que, se saísse, ele assumiria a culpa pelo vazamento, o
que, segundo fontes do governo,
"não há como comprovar". Além
disso, mesmo que fosse identificado como culpado, como não
tem acesso aos dados bancários
da Caixa, ele não poderia sair sem
que os responsáveis pela quebra
do sigilo na instituição também
fossem punidos.
Enquanto isso, o Coaf, acuado
por ter tomado decisões em tempo recorde, divulgou uma nota
para tentar justificar sua ação.
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