São Paulo, sábado, 25 de março de 2006

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Caixa, Fazenda, Coaf e PF fazem jogo de empurra

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A operação montada dentro do governo para tentar manter Antonio Palocci no comando do Ministério da Fazenda tem alimentado um embate nos bastidores do governo entre os órgãos que, de alguma forma, estão envolvidos com a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
O resultado são informações desencontradas e um jogo para empurrar responsabilidades a terceiros que envolve a Fazenda, a Caixa Econômica Federal, a Polícia Federal e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), subordinado ao ministro.
Apontado como o maior beneficiário da quebra de sigilo do caseiro e com um assessor próximo sob suspeita, Palocci é uma das peças centrais nas investigações para descobrir os responsáveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinha tentando segurá-lo Palocci no cargo, mas exige que alguém seja punido.
A Caixa Econômica Federal, de onde saíram os dados sobre a movimentação financeira de Francenildo, está com a sua credibilidade abalada depois da quebra de dados sigilosos e, até agora, não conseguiu explicar de onde saiu a ordem para vasculhar a conta bancária do caseiro.
Controlada integralmente pelo governo federal, a Caixa ao mesmo tempo que promete transparência no processo de apuração deixa várias perguntas sem respostas. Para justificar o fato de não terem tornado públicos os nomes dos suspeitos -encaminhados nesta semana para a Polícia Federal-, a assessoria da instituição alega que isso seria culpá-los antecipadamente. Ainda assim, puniu os funcionários afastando das funções que exerciam.
Além disso, a Caixa não disse ainda por que a comissão que está investigando a violação do sigilo não ouviu os funcionários antes de eles serem afastados do cargo. Segundo a assessoria do banco, isso ocorreria ontem, mas a Caixa não confirmou nem sequer se os dois funcionários tinham sido localizados pela instituição.
Já na Fazenda, circularam rumores de que o assessor especial de Palocci, Marcelo Netto, seria afastado do cargo, o que gerou uma reação no ministério. A avaliação era que, se saísse, ele assumiria a culpa pelo vazamento, o que, segundo fontes do governo, "não há como comprovar". Além disso, mesmo que fosse identificado como culpado, como não tem acesso aos dados bancários da Caixa, ele não poderia sair sem que os responsáveis pela quebra do sigilo na instituição também fossem punidos.
Enquanto isso, o Coaf, acuado por ter tomado decisões em tempo recorde, divulgou uma nota para tentar justificar sua ação.


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