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PALOCCI EM APUROS
Inquérito da PF apura, além de violação de sigilo, indício de lavagem de dinheiro
Procuradoria diz ser ilegal investigação contra caseiro
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
em Brasília pediu ontem à Justiça
Federal a suspensão parcial do inquérito no qual o caseiro Francenildo dos Santos Costa é tratado
como vítima e suspeito.
Instaurado pela Polícia Federal
na terça-feira, o inquérito tem
dois alvos. Pretende chegar aos
responsáveis pela violação ilegal
do sigilo do caseiro e apurar, com
base em indícios levantados pelo
Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras), se Francenildo teria praticado o crime de
lavagem de dinheiro.
No entendimento dos procuradores Gustavo Pessanha Velloso e
Lívia Nascimento Tinôco, a investigação relativa à lavagem de dinheiro é ilegal. Argumentam que,
para configurar o crime de lavagem de dinheiro, descrito no artigo 1º da Lei 9.613/98, o suspeito da
prática criminosa tem que demonstrar intenção de ocultar a
origem e a localização do dinheiro, o que nunca aconteceu.
"Francenildo não praticou a
conduta descrita no artigo 1º, na
medida em que em momento algum dissimulou ou ocultou a origem dos depósitos", afirmaram
os procuradores, em nota.
Ainda conforme os procuradores, "a hipótese de que Francenildo dos Santos [Costa] tenha agido
como laranja não é factível, uma
vez que as justificativas apresentadas por ele foram comprovadas
pelo depoimento [que prestou à
PF anteontem]".
Ao delegado Rodrigo Gomes,
que preside o inquérito, Francenildo reafirmou na quarta-feira
que recebeu em sua conta, entre
janeiro e março, cerca de R$ 25
mil, repassados pelo seu suposto
pai biológico, o empresário Eurípedes Soares da Silva.
Só não falou -até porque não é
alvo deste inquérito- sobre a casa que ex-assessores do ministro
Antonio Palocci alugaram no Lago Sul, em Brasília. Segundo o caseiro, Palocci freqüentava o local.
Coaf
Os depósitos mudaram o comportamento das movimentações
bancárias de Francenildo na Caixa Econômica Federal. Até contar
com os R$ 25 mil, o caseiro girava
na conta o salário de R$ 700.
O Coaf, órgão subordinado ao
Ministério da Fazenda, em relatório elaborado em 20 de março
-quatro dias depois da violação
ilegal do sigilo-, afirma que as
recentes movimentações, "embora não sejam consideradas ilícitas,
evidenciam situações de atipicidade que constituem, em tese, indícios de prática de lavagem de
dinheiro ou outro ilícito".
Diante da comunicação, a PF
passou a investigá-lo por suspeita
de lavagem de dinheiro.
O pedido para trancamento
parcial do inquérito foi apresentado pelos procuradores à 10ª Vara
da Justiça Federal em Brasília, por
meio de habeas corpus.
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