São Paulo, sábado, 25 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS

Para dom Odilo Scherer, ação pode prejudicar o governo; dom Antônio Queirós acha que não é a hora de pedir demissão do ministro

Desqualificar caseiro é "perigoso", diz CNBB

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em entrevista ontem, na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o secretário-geral da entidade, dom Odilo Pedro Scherer, afirmou que "pode ser muito perigosa" uma eventual tentativa do governo federal de transformar em acusado o caseiro Francenildo Costa, que afirma ter visto o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) numa casa freqüentada por lobistas.
Desqualificar o depoimento do caseiro, segundo o representante da Igreja Católica, pode "deixar mal" quem buscar tal iniciativa. "É uma tentativa que pode ser muito perigosa. Comprovado que esse dinheiro [depositado na conta do caseiro] teve uma origem [legal], fica muito mal para quem quisesse usar esse argumento."
Ontem, dom Odilo se disse um pouco desinformado em relação ao noticiário. Por conta disso, colocou na condicional a quebra do sigilo na Caixa. "Uma violação de sigilo bancário sem autorização seria muito grave, seria fazer algo que viola a liberdade e a privacidade do cidadão."
Assim como dom Odilo, dom Antônio Celso Queirós, vice-presidente da CNBB, também presente à entrevista, disse que este não é o momento de pedir a cabeça do ministro. Ambos defendem o término das investigações, para evitar comentários precipitados.
A cautela em relação a Palocci, porém, não se reflete na opinião deles sobre a política econômica. Ontem, dom Antônio elevou o tom sobre os gastos em programas sociais. "Enquanto damos uns trocados para os programas sociais, nós damos milhões para o pagamento dos juros da dívida."
A entrevista de ontem marcou o encerramento de reunião do conselho permanente da CNBB, na qual ficou decidida a elaboração de um texto de orientações gerais a ser entregue aos candidatos, que deve ser divulgado no mês que vem. Sobre isso, dom Antônio se mostrou cético em relação aos candidatos. "Não há nenhuma pessoa salvadora para a política de país nenhum, muito menos para a política brasileira."
Dom Antônio também criticou o andamento das investigações sobre as denúncias de corrupção. "É triste a gente ver um país entregue a esse diz-que-diz de esquina. Realmente eu me sinto envergonhado. Torço que isso passe e se apure o melhor possível."
Ao final, dom Odilo ironizou tanto petistas como tucanos. Sobre o PT, se mostrou curioso de como o partido irá tratar da questão ética na campanha eleitoral. "Não sei como [o partido] vai fazer, porque realmente tem tantas coisas aí que foram levantadas. Acho que a opinião pública é que dará a resposta." Sobre o PSDB, comentou recente declaração do governador Geraldo Alckmin de que não há ladrões em São Paulo. "Tem muito ladrão em São Paulo, sim, há muitos assaltos na rua."


Texto Anterior: PPS e PTB reforçarão coro de apoio a Serra
Próximo Texto: Comunicações: Faturamento da Globo cresce 4,7% em 2005
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.