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TCU derruba versão do governo sobre dossiê
Tribunal desfaz argumento usado pelo Planalto para explicar vazamento de dados sigilosos sobre despesas na gestão FHC
Ministro Tarso Genro afirma que levantamento de dados foi feito a pedido do TCU,
que diz não ter solicitado nenhuma das informações
MARTA SALOMON
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No intervalo de poucas horas, o Tribunal de Contas da
União derrubou ontem a versão apresentada mais cedo pelo
governo para tentar explicar o
vazamento de dados sigilosos
sobre despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o TCU, não foi pedida nenhuma informação da
base de dados do Planalto.
Em sua última edição, a revista "Veja" diz que o Planalto
preparou dossiê com gastos do
governo tucano. A ameaça de
divulgação dos dados teria por
objetivo constranger a oposição na apuração dos gastos com
cartões corporativos do governo Lula, na CPI dos Cartões.
O assunto foi um dos temas
discutidos ontem na reunião de
coordenação política do Planalto. Em seguida, o ministro Tarso Genro (Justiça) negou a
existência de um dossiê sobre
os gastos da gestão FHC e chamou a suposição de indecente.
"Não existe dossiê. O que
existe é um trabalho que está
sendo feito pela Casa Civil , a
pedido do Tribunal de Contas
da União e na expectativa da
CPI, para oferecer dados que
podem ser requisitados pela
própria CPI", disse. "É indecente pensar que alguém possa
fazer dossiê para tratar de um
assunto dessa seriedade."
Em reunião com os presidentes dos partidos aliados, Luiz
Inácio Lula da Silva negou a
existência do dossiê. Disse que
jamais recorreria a uma medida "baixa" e deu a mesma versão que Tarso tornou pública.
Lula classificou de "mentirosas" as afirmações de que o governo teria montado um dossiê, segundo informação de políticos que participaram do encontro. Teria complementado:
"Se eu não fiz dossiê em 2005,
por que faria agora?", numa referência a um dos piores períodos de seu governo, o do escândalo do mensalão.
Na reunião, o ministro José
Múcio (Relações Institucionais) leu nota, divulgada no sábado, pela Casa Civil, negando a
existência de tal dossiê.
Auditorias
O TCU fez três auditorias sobre cartões no governo Lula.
Em 2006, obteve dados sobre
as despesas com suprimento de
fundos do Planalto limitadas ao
período entre 2002 e 2005.
O relatório encaminhado ao
tribunal na ocasião não continha dados como os divulgados
pela revista, referentes a gastos
de 1998 a 2001 do ex-presidente, de sua mulher, Ruth Cardoso, e de assessores, além de detalhes sobre gastos secretos.
No final de janeiro, o TCU
aprovou a abertura de uma nova auditoria, mas o relator, Valmir Campelo, não pediu nenhum dado do sistema de controle da Presidência, o Suprim.
O trabalho de auditoria, ainda
em curso, terá como base dados
do Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos federais).
Segundo a Folha apurou no
TCU, o único pedido relativo à
base de dados do Planalto foi
uma recomendação, no início
de 2007, para aprimorar o controle com esse tipo de gasto. O
sistema não produz relatórios
sem que haja uma solicitação.
Procurado à noite, Tarso disse, via assessoria, que havia se
referido justamente ao pedido
do TCU para melhoria do controle de despesas. Não explicou
a extração de dados do sistema.
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