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Lula diz que vai solucionar a queda de repasses a prefeitos
Presidente atribui diminuição de fundo para municípios, o FPM, à crise mundial
Apesar do discurso feito ontem, prefeitos do Paraná anunciaram que vão fechar as portas por 24 horas hoje e manter só serviços essenciais
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA
O presidente Lula prometeu
ontem, em Salvador, "encontrar uma solução" para a crise
instalada nos municípios com a
queda nos repasses do FPM
(Fundo de Participação dos
Municípios) no primeiro trimestre do ano. Lula disse que
não "irá permitir" que as prefeituras "fiquem paralisadas".
"Eu sei que vocês todos estão
comendo o pão que o Diabo
amassou com a queda do FPM.
E, para nós, do governo federal,
não adianta o município estar
mal, porque, se ele estiver mal,
vai se desestruturar. E o município é o primeiro pronto-socorro para atender à população", disse Lula, em discurso na
abertura da 1ª Mostra Nacional
de Desenvolvimento Regional.
Segundo a CNM (Confederação Nacional dos Municípios),
o valor do segundo repasse do
FPM de março às prefeituras ficou 19% abaixo da estimativa
da Secretaria do Tesouro Nacional -R$ 250 milhões, ante
previsão de R$ 310 milhões.
Lula atribuiu a redução à crise econômica mundial. O FPM
depende da arrecadação do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) e do Imposto de
Renda, ambos afetados pela desaceleração da economia.
"Todo mundo sabe que isso é
resultado dessa crise que não
nasceu no Brasil, que aconteceu nos Estados Unidos, na Europa, no Japão, e que demorou
mais para chegar aqui", disse.
Ontem, a União dos Municípios da Bahia entregou um documento a Lula em que pede
ajuda no "enfrentamento das
crises que assolam as administrações municipais". Segundo a
entidade, o fundo é a principal
fonte de receita de 80% das cidades baianas. Eles pediram a
suspensão temporária do desconto automático no FPM de
parcelas de dívidas dos municípios com a Previdência.
"Eu sei que tem muito prefeito novo que tomou posse no dia
1º de janeiro e que já está amargando o cofre vazio", afirmou o
presidente. Ele prometeu discutir a situação "com muito carinho" com os ministros Guido
Mantega (Fazenda) e Paulo
Bernardo (Planejamento).
O investimento em obras de
habitação e infraestrutura foi
novamente citado por Lula como solução contra a crise.
Mobilizações
Apesar da promessa feita por
Lula em Salvador, os prefeitos
ameaçam radicalizar em suas
mobilizações. No Paraná, os
prefeitos anunciaram que vão
fechar as portas por 24 horas
hoje para chamar a atenção para a queda de 20% no FPM em
março. Apenas os serviços essenciais vão funcionar. Em Alagoas, as prefeituras estão planejando fechar no dia 2 de abril.
O presidente da Associação
dos Municípios do Paraná,
Moacyr Fadel (PMDB), prefeito de Castro (148 km de Curitiba), disse que os administradores municipais vão tentar entregar hoje à ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) uma carta
com reivindicações. O principal
ponto é a compensação das
perdas do FPM pela União.
Para o ex-ministro da Integração Nacional Luciano Barbosa (PMDB), prefeito de Arapiraca (122 km de Maceió) e
presidente da Associação dos
Municípios Alagoanos, o discurso do presidente Lula trouxe otimismo, mas não irá desmobilizar os prefeitos.
"Tem que haver uma compensação aos municípios do
imposto que o governo federal
achou por bem desonerar", disse Barbosa, que esteve em Salvador durante a visita de Lula.
(RODRIGO VARGAS E SÍLVIA FREIRE)
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