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Rombo da Sudene chega a R$ 2,2 bi e passa o da Sudam
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O rombo da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste) supera em R$ 500
milhões o da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia). Segundo a CPI do Finor, foram desviados dos projetos
aprovados pela Sudene R$ 2,2 bilhões, contra R$ 1,7 bilhão somado até agora na Sudam.
Segundo o relator-adjunto da
CPI do Finor (Fundo de Investimentos do Nordeste), deputado
José Pimentel (PT-CE), parte desses recursos não será recuperada
pelo governo. Primeiro, porque o
prazo de punição dos responsáveis pelo desvio já venceu.
Em 1990, durante o governo
Fernando Collor, a lei que estabelecia prazo de prescrição de 12
anos foi alterada. Agora esse prazo é de cinco anos, o que praticamente inviabiliza a cobrança judicial dos recursos.
O segundo motivo, disse o deputado petista, foi uma alteração
feita no ano passado por medida
provisória. A lei do Finor previa
que os empresários teriam de devolver em dinheiro 30% do valor
recebido do fundo. A MP retirou
essa obrigação.
"Se o governo não tivesse baixado essa MP, não estaria anistiando todos os ladrões do Finor",
disse Pimentel. A Folha tentou
ouvir o Ministério da Integração
Nacional, ao qual a Sudene está
vinculada, mas até o fechamento
desta edição não obteve resposta.
O relatório do deputado Múcio
Sá (PMDB-RN) será apresentado
hoje à CPI do Finor, instalada há
um ano na Câmara. As irregularidades constatadas nos projetos da
Sudene são as mesmas da Sudam:
notas fiscais frias, projetos superfaturados ou desvio de finalidade
dos recursos.
Segundo o relatório, desde 1974,
a Sudene aprovou 3.052 projetos,
sendo que 531 são irregulares e
responsáveis pelo déficit de R$ 2,2
bilhões - valor corrigido pelo
IGP-DI (índice de inflação da
Fundação Getúlio Vargas usado
para atualizar as contas públicas).
Desse total, apenas 17% está sendo cobrado judicialmente pela
Sudene, envolvendo 51 projetos.
A CPI vai determinar que a Sudene e o Banco do Nordeste, que
administra o Finor, cobrem judicialmente os recursos desviados.
Vai recomendar que o Ministério
Público Federal investigue, para
possível punição, os responsáveis
pela não-cobrança.
Atualmente, 272 projetos estão
sendo implantados, envolvendo
R$ 1,5 bilhão. Esses projetos, segundo Pimentel, deveriam ter sido implantados em dois anos,
mas se arrastam em média há oito
anos. A CPI vai recomendar a suspensão dos repasses.
A CPI do Finor constatou ainda
que 1.104 projetos tiveram recursos liberados acima do valor inicialmente proposto.
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