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ALIADOS EM CRISE
Parlamentares do bloco PL/PSL assinaram em grupo o pedido de criação; na Câmara, já são 162 assinaturas
CPI da corrupção depende de 9 deputados
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados do bloco PL/PSL assinaram ontem em grupo o pedido de criação da CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) da corrupção. Foram mais 10 assinaturas do PL e 1 do PSL, do total de 23
deputados do bloco. Com as novas adesões, o número de assinaturas sobe para 162, de acordo
com os dados divulgados pela
oposição na semana passada.
Faltam, portanto, nove para
completar as 171 assinaturas necessárias a fim de viabilizar a instalação da CPI no Congresso,
pois, no Senado, ela já obteve as
27 previstas pelo regimento.
Mas o líder do PT na Câmara,
Walter Pinheiro (BA), afirmou
que a CPI recebeu ontem o apoio
de um deputado do PSDB -partido do presidente Fernando
Henrique Cardoso- e poderá receber hoje quatro novas assinaturas de deputados do PMDB. O nome do congressista tucano e o total de assinaturas estão sendo
mantidos sob sigilo. Ou seja, seriam mais cinco adesões, o que
deixaria a criação da CPI na dependência de apenas outros quatro deputados.
No contra-ataque, o governo
vem recolhendo declarações de
deputados retirando a assinatura
do pedido de CPI para apresentar,
caso a oposição consiga o número
necessário de 171 assinaturas.
A adesão à CPI não foi unânime
entre os seguidores da Igreja Universal do Reino de Deus. Dois deputados do PSL não assinaram o
pedido: De Velasco (SP) e Valdeci
Paiva (RJ) . O deputado De Velasco revelou na reunião um tipo de
interferência do governo para
tentar barrar a CPI.
O deputado contou que não assinaria a CPI porque o ministro
Andrea Matarazzo (Secretaria de
Comunicação) teria triplicado a
verba de publicidade oficial na
Rede Record.
A informação foi confirmada
pela Folha com três participantes
da reunião. O líder do bloco na
Câmara, Valdemar Costa Neto
(PL-SP), disse que "o deputado
De Velasco não disse coisa com
coisa" e que "o pessoal entendeu
errado".
O ministro Matarazzo negou a
informação. "Isso é patético, não
faz sentido, é coisa de irresponsável e de pessoa de má-fé." Segundo o ministro, não há como prometer verba de publicidade porque há um critério técnico de distribuição de anúncios de acordo
com a audiência da emissora.
"Não dá para saber quanto a Rede Record terá de publicidade
neste ano. Se não houver alteração no mercado, provavelmente
ela vai receber o mesmo percentual do ano passado", disse Andrea Matarazzo.
O deputado Bispo Rodrigues
(PL-SP), que coordena a bancada
da Igreja Universal, também negou que tivesse havido negociação com o governo. "Se isso fosse
verdade, nenhum deputado da
bancada evangélica teria assinado
a CPI. Seria uma grande burrice
liberar R$ 20 milhões para evitar
uma assinatura", disse Rodrigues.
Seis deputados do bloco PL/PSL
ligados à Igreja Universal assinaram o pedido.
O deputado Luiz Antonio de
Medeiros (PL-SP), que defendia o
alinhamento com o governo, recuou e também assinou a CPI.
"Não vou me suicidar com a elite
que está teimando com a opinião
pública. A opinião pública quer
uma reposta às acusações", disse
Medeiros.
A assinatura do deputado Luciano Bivar (PSL-PE) no pedido
de CPI durou pouco. Menos de
meia hora depois de divulgado o
seu nome pelo líder do bloco PL/
PSL, ele mandou informar que já
havia retirado sua assinatura.
Hoje, os partidos de oposição
vão se reunir para decidir o que
fazer. Se esperam mais assinaturas na Câmara para uma CPI mista ou se criam uma CPI apenas no
âmbito do Senado, onde já há as
27 assinaturas exigidas.
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