São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 2002

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Serra é politicamente "míope", afirma Itamar

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), disse ontem achar "muito difícil" que a pré-candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência da República consiga emplacar. Além disso, Itamar afirmou que Serra é politicamente "míope" ao não dar a devida importância a Minas nessa disputa presidencial.
"Eu não tenho nada pessoalmente contra o senador Serra, mas eu acho muito difícil a campanha dele. Terá enormes dificuldades em algumas regiões do país", disse o governador, que acrescentou: "O Serra pode chegar em segundo lugar, mas não interessa. Interessa é chegar em primeiro".
Ao comentar as pesquisas de intenção voto, embora ressaltando que faltam quase cinco meses para as eleições e que o quadro atual pode ser alterado, Itamar afirmou que o tucano enfrenta dificuldades nas regiões Norte, Nordeste, "mas sobretudo" na região Sudeste, onde ele "apresenta uma fraqueza muito grande" em relação a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Anthony Garotinho (PSB).
E emendou: "Então, essa região Sudeste precisaria ser coberta por Minas. Infelizmente, parece que a miopia política não está permitindo que se enxergue a importância de Minas no contexto".
O governador disse que o mineiro Aécio Neves (PSDB), presidente da Câmara dos Deputados, tem "todas as qualificações necessárias de ser candidato a presidente", além de ser "um nome do partido do presidente [Fernando Henrique Cardoso"".
Se Aécio fosse o candidato, Itamar não teria dúvidas em apoiá-lo, mas ressaltou que o presidente da Câmara não quer ser candidato. "Nós temos que respeitar a vontade dele", afirmou.
Como de costume, Itamar deixou margem para dúvidas. Colocou em xeque a candidatura Serra, de quem tentou ser candidato a vice-presidente recentemente, mas deu a entender que se Minas tivesse prioridade na campanha tucana ele poderia se alinhar a ela.

Lula
Por outro lado, voltou a pregar o rompimento da aliança nacional PMDB-PSDB, alegando que os diretórios regionais do seu partido não podem ficar amarrados para "compor com A ou B, particularmente com o PSDB".
A manutenção dessa aliança nacional deixaria Itamar isolado em Minas, caso ele, de fato, queira apoiar a candidatura de Lula. Ele poderia dar o apoio informal ao petista, mas não o apoio oficial, já que a Justiça Eleitoral impediu isso com a aprovação da "verticalização" das coligações.
O governador se esquivou de responder se apoiaria Lula. Disse que vai dar a sua posição em relação ao cenário nacional e mineiro no final de maio. Mas, em duas referências, deu a entender que ficará no campo da centro-esquerda.
A primeira foi quando disse que "gostaria que aquele que fosse o candidato do PMDB em Minas [ao governo do Estado" somasse forças com a esquerda". A outra referência foi quando falou do senador José Alencar (PL-MG), cotado para ser vice de Lula.
"Tenho muito respeito [por Alencar". Tivemos diferenças de pensamento, mas continuo admirando seu trabalho no Senado e torcendo para que ele possa sair na alta representatividade da política nacional. Se o destino nos colocar novamente juntos, ficarei contente", disse.
Itamar, mais uma vez, evitou falar se será candidato à reeleição. Ele continua enfrentando uma forte resistência do seu vice, Newton Cardoso (PMDB), que não abre mão de disputar o governo.



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