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Serra é politicamente "míope", afirma Itamar
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), disse ontem achar "muito difícil" que a
pré-candidatura de José Serra
(PSDB) à Presidência da República consiga emplacar. Além disso,
Itamar afirmou que Serra é politicamente "míope" ao não dar a devida importância a Minas nessa
disputa presidencial.
"Eu não tenho nada pessoalmente contra o senador Serra,
mas eu acho muito difícil a campanha dele. Terá enormes dificuldades em algumas regiões do
país", disse o governador, que
acrescentou: "O Serra pode chegar em segundo lugar, mas não
interessa. Interessa é chegar em
primeiro".
Ao comentar as pesquisas de intenção voto, embora ressaltando
que faltam quase cinco meses para as eleições e que o quadro atual
pode ser alterado, Itamar afirmou
que o tucano enfrenta dificuldades nas regiões Norte, Nordeste,
"mas sobretudo" na região Sudeste, onde ele "apresenta uma fraqueza muito grande" em relação a
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e
Anthony Garotinho (PSB).
E emendou: "Então, essa região
Sudeste precisaria ser coberta por
Minas. Infelizmente, parece que a
miopia política não está permitindo que se enxergue a importância
de Minas no contexto".
O governador disse que o mineiro Aécio Neves (PSDB), presidente da Câmara dos Deputados,
tem "todas as qualificações necessárias de ser candidato a presidente", além de ser "um nome do
partido do presidente [Fernando
Henrique Cardoso"".
Se Aécio fosse o candidato, Itamar não teria dúvidas em apoiá-lo, mas ressaltou que o presidente
da Câmara não quer ser candidato. "Nós temos que respeitar a
vontade dele", afirmou.
Como de costume, Itamar deixou margem para dúvidas. Colocou em xeque a candidatura Serra, de quem tentou ser candidato
a vice-presidente recentemente,
mas deu a entender que se Minas
tivesse prioridade na campanha
tucana ele poderia se alinhar a ela.
Lula
Por outro lado, voltou a pregar o
rompimento da aliança nacional
PMDB-PSDB, alegando que os diretórios regionais do seu partido
não podem ficar amarrados para
"compor com A ou B, particularmente com o PSDB".
A manutenção dessa aliança nacional deixaria Itamar isolado em
Minas, caso ele, de fato, queira
apoiar a candidatura de Lula. Ele
poderia dar o apoio informal ao
petista, mas não o apoio oficial, já
que a Justiça Eleitoral impediu isso com a aprovação da "verticalização" das coligações.
O governador se esquivou de
responder se apoiaria Lula. Disse
que vai dar a sua posição em relação ao cenário nacional e mineiro
no final de maio. Mas, em duas referências, deu a entender que ficará no campo da centro-esquerda.
A primeira foi quando disse que
"gostaria que aquele que fosse o
candidato do PMDB em Minas
[ao governo do Estado" somasse
forças com a esquerda". A outra
referência foi quando falou do senador José Alencar (PL-MG), cotado para ser vice de Lula.
"Tenho muito respeito [por
Alencar". Tivemos diferenças de
pensamento, mas continuo admirando seu trabalho no Senado e
torcendo para que ele possa sair
na alta representatividade da política nacional. Se o destino nos colocar novamente juntos, ficarei
contente", disse.
Itamar, mais uma vez, evitou falar se será candidato à reeleição.
Ele continua enfrentando uma
forte resistência do seu vice, Newton Cardoso (PMDB), que não
abre mão de disputar o governo.
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