|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÃO ENGESSADA
Presidente diz a senador que aliança corre risco de implosão
FHC pressiona e Serra cede definição do vice ao PMDB
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso pressionou o pré-candidato do PSDB à Presidência,
José Serra, a desistir de impor o
vice à cúpula do PMDB. A contragosto, Serra cedeu e deverá aceitar
um dos dois nomes indicados pela direção peemedebista: o deputado federal Henrique Eduardo
Alves (RN), que se torna favorito
nessa situação, ou o ex-prefeito de
Joinville (SC) Luiz Henrique.
FHC disse a Serra que havia risco de implosão da aliança PSDB-PMDB caso ele continuasse a insistir no senador Pedro Simon
(RS) ou na deputada Rita Camata
(ES), peemedebistas vetados pela
cúpula por terem jogado sempre
contra a aliança com o PSDB.
O presidente enquadrou Serra
anteontem, usando um argumento pragmático: se a indicação tiver
problema de ordem moral, que se
faça uma substituição rápida. Serra acha que os preferidos da cúpula não têm a densidade política de
Simon e que podem surgir supostas denúncias contra eles.
Na montagem da aliança que
elegeu FHC em 1994, o cargo de
vice-presidente fora reservado ao
senador Guilherme Palmeira
(PFL). Denúncias contra um assessor de Palmeira, no entanto,
abriram caminho para a escolha
de um novo nome: Marco Maciel.
O presidente disse a Serra que
era melhor correr esse risco do
que ficar sem o PMDB. FHC lembrou ter trocado em 48 horas o
seu primeiro vice em 1994. E falou
mais: se der problema, Serra ficaria credor do PMDB e poderia, aí,
voltar a indicar o nome que julga
mais palatável. Depois de conversar com Serra, FHC se reuniu anteontem com dirigentes do
PMDB no Alvorada. Só ouviu
queixas e ficou preocupado.
Estiveram no Alvorada o presidente do PMDB, Michel Temer, o
presidente do Instituto Ulysses
Guimarães, Moreira Franco, e os
líderes do partido na Câmara,
Geddel Vieira Lima (BA), e no Senado, Renan Calheiros (AL).
Além da vice, o PMDB cobrou a
abertura de espaços para seus filiados em composições com os
tucanos nos Estados. FHC disse
que atuaria rapidamente.
Ontem de manhã os mesmos
peemedebistas que estiveram
com FHC se reuniram com o presidente do PSDB, José Aníbal, o
coordenador da campanha de
Serra, Pimenta da Veiga, e o senador Artur da Távola.
Ficou acertado que Serra não se
intrometeria mais na questão do
vice e que até a próxima quarta-feira o PSDB resolveria a maioria
dos problemas estaduais. Um dos
principais é a retirada de um candidato a governador tucano em
Alagoas para permitir ao peemedebista Renan apoiar, em aliança
branca, a reeleição de Ronaldo
Lessa (PSB) ao governo.
Outro exemplo: o ex-governador Dante de Oliveira, líder do
PSDB no Mato Grosso, será pressionado pelo PSDB a aceitar uma
composição para Carlos Bezerra
tentar a reeleição ao Senado.
Há situações semelhantes no
Acre, em Sergipe e na Paraíba, entre outros. Na Bahia, os tucanos
prometem tirar os cargos federais
que estão com o pefelista Antonio
Carlos Magalhães. Geddel, inimigo mortal de ACM, poderia obter
nomeações prometidas, mas
nunca realizadas.
A cúpula do PMDB cobra concessões do PSDB para garantir a
maioria dos votos do partido na
convenção oficial de junho. A
ação de FHC acalmou os ânimos
dos peemedebistas.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Serra é politicamente "míope", afirma Itamar Índice
|