São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 2002

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Brizola diz que Britto não fazia parte do "pacote" e ameaça deixar Frente

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, disse ontem que o "pacote" estabelecendo a Frente Trabalhista (PDT, PTB e PPS) não continha a hipótese de o ex-governador do Rio Grande do Sul Antônio Britto (PPS) ser candidato ao governo gaúcho.
"O ex-governador Britto não estava no pacote. Se eu soubesse que o Britto estaria no pacote, eu teria dito para vendê-lo em outro lugar", disse Brizola ontem em Porto Alegre.
Com essa afirmação, o presidente do PDT deixa claro que a Frente Trabalhista, como está agora, não é aquela que ele aceitou integrar e acena com a possibilidade de abandoná-la.
Brizola não quis ser explícito sobre o eventual rompimento da aliança. Ele preferiu deixar a definição do PPS gaúcho de lançar o nome de Britto ao governo do Estado como uma hipótese, já que oficialmente não teria sido comunicado por ninguém.
"Não recebemos nenhum ultimato", afirmou ele.
"O Britto não passa na nossa garganta. Se ele quiser ajudar a empurrar o caminhão, aceitamos, mas não damos a direção para ele", disse Brizola.

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Anteontem, Britto praticamente anunciou o lançamento da sua candidatura ao governo gaúcho no próximo dia 1º. Deu prazo ao PDT até o próximo dia 30.
A rejeição do PDT ao nome de Britto para ser candidato da Frente Trabalhista ao governo gaúcho tem sido a principal pedra no caminho da aliança em torno do pré-candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes.
A solução poderia ser outro candidato, escolhido dentro do PDT, no Rio Grande do Sul. Com isso, porém, Britto ficaria fora da disputa, apesar de ser o candidato tido como mais apto a derrotar o petista Tarso Genro.
Com o objetivo de resolver o impasse, o presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez, chegou a dizer que um acordo havia sido fechado, segundo o qual o vereador José Fortunati, do PDT, seria candidato ao governo gaúcho, Britto concorreria a deputado estadual para puxar votos e formar uma bancada forte no Estado e o senador José Fogaça (PPS-RS) concorreria à reeleição. O PPS negou tal acerto.
Quando se iniciaram as conversas sobre a aliança, dois requisitos haviam sido estabelecidos por Brizola: a não-candidatura de Britto e a reprodução da aliança nacional nos Estados.
"Não podemos ter dois palanques nos Estados. Estamos a caminho da fusão entre três siglas. Precisamos dialogar", avisou.
Como o PPS forçou a candidatura de Britto, foi criado o impasse. Para Brizola, a aliança nacional ocorreria a partir do Rio Grande do Sul.
O nome de Britto se tornou um empecilho para a aliança especialmente devido à sua atuação nas privatizações de empresas públicas criadas pelo próprio Brizola quando foi governador do Rio Grande do Sul.


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