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STF encaminha
projeto para
reajustar salário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministros do STF (Supremo
Tribunal Federal) decidiram enviar ao Congresso um projeto para aumentar o próprio salário, ignorando a norma da Constituição
que exige a concordância do Planalto e do Congresso para fixá-lo.
A iniciativa foi aprovada ontem
à noite em sessão administrativa,
realizada a portas fechadas, e
atende a forte pressão dos juízes
por aumento. A elevação no Supremo tem efeito cascata sobre
toda a magistratura da União,
atingindo cerca de 3.000 juízes federais, trabalhistas e militares.
O tribunal informou que o aumento não está definido, não divulgou cálculos sobre o impacto
na folha do Judiciário nem esclareceu se há estudos sobre repercussão na Lei de Responsabilidade Fiscal. Um dos valores em exame é R$ 16.000. Hoje, a maior remuneração paga é R$ 13.910, segundo a assessoria de imprensa.
Pela emenda constitucional da
reforma administrativa, em vigor
há quase quatro anos, o teto do
funcionalismo corresponderia à
remuneração dos ministros do
STF e só poderia ser instituído por
projeto de lei consensual entre os
três Poderes da República.
Os ex-presidentes do STF Celso
de Mello e Carlos Velloso e o
atual, Marco Aurélio de Mello, fizeram inúmeras tentativas de negociação e chegaram a fechar
acordos, mas a repercussão negativa na mídia forçou o recuo.
O STF está para julgar uma ação
direta de inconstitucionalidade
proposta pelo PSL contra essa exigência do consenso. Essa seria
uma saída política menos desgastante, mas os ministros decidiram
ontem nem esperar esse julgamento. Em tese eles poderão declarar válida a norma da reforma
administrativa, mas é pouco provável que isso ocorra.
Os juízes estão desde fevereiro
de 2000, quando ameaçaram fazer greve nacional, com um aumento precário: eles recebem
uma verba equivalente ao auxílio-moradia, pago a deputados, no
valor de até R$ 3.000, mas a conquista foi obtida por uma liminar
do STF, que pode derrubá-la a
qualquer momento. Marco Aurélio já chegou a afirmar que o STF
desistiria do envio do projeto em
razão de cortes no orçamento do
Judiciário.
(SILVANA DE FREITAS)
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