São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ CPI DO BANESTADO

Richard Van Otterloo disse ao Ministério Público que fez pagamento para ter seu nome excluído do relatório da CPI do Banestado

Doleiro diz que pagou R$ 300 mil a Mentor

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O doleiro Richard A. de Mol Van Otterloo afirmou em depoimento ao Ministério Público que pagou R$ 300 mil para o deputado federal José Mentor (PT-SP) excluí-lo do relatório final da CPI do Banestado. A orientação para que efetuasse o pagamento, disse, partiu de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito Paulo Maluf (PP).
A CPI do Banestado apurava o envio ilegal de dinheiro para o exterior e acabou em 2005 sem conclusões. Mentor era o relator e, à época, foi criticado por excluir do relatório nomes de investigados. O nome do doleiro, por exemplo, não constou do relatório.
Otterloo prestou depoimento no dia 4 de abril para o promotor Sílvio Marques e para o procurador Rodrigo de Grandis, que investigam as contas bancárias atribuídas aos Maluf no exterior. Como o acusador citou um deputado federal, que tem foro privilegiado, cópia da declaração foi enviada à Câmara para investigação.
Acusado de envolvimento no escândalo do mensalão, Mentor foi absolvido pela Câmara na semana passada.

Depoimento
Ao aconselhar o pagamento de R$ 300 mil para Mentor, disse o doleiro, Flávio estaria preocupado com um possível efeito cascata caso o nome de Otterloo fosse citado. Se isso ocorresse, afirmou, automaticamente chegariam à conta Jazz [controlada pelo doleiro], depois à conta Chanani [atribuída a Maluf] e, finalmente, ao nome do ex-prefeito.
Otterloo afirmou que ele e o sócio, Raul Henrique Srour, procuraram um intermediário do deputado e pagaram o valor.
O doleiro disse ainda ter feito diversas operações de remessa ilegal de dinheiro para o exterior a pedido do também doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi -que declarou na Justiça ter trabalhado para os Maluf nos EUA.
Por meio de operações ilegais, Otterloo afirmou que trouxe pelo menos US$ 30 milhões dos Maluf de volta para o Brasil.
Como o doleiro procurou o Ministério Público de forma espontânea e é considerado um "colaborador", deverá ser beneficiado pela delação premiada.
Condenado a seis anos de prisão, Otterloo obteve um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) e responde à ação em liberdade. Maluf e Flávio são réus por suposta lavagem de dinheiro.
O assessor de Paulo Maluf, Adilson Laranjeira, afirmou ontem que Flávio nunca teve contato com o doleiro. "Nem Flávio nem qualquer outra pessoa da família jamais tiveram contato com este doleiro, que é um mentiroso. Também não tiveram contato com qualquer banco envolvido na CPI do Banestado."


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