São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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PT nacional proíbe aliança com PSDB em BH

Decisão sobre coligação com tucanos abre crise entre a Executiva e Pimentel, que considerou o anúncio um "desrespeito"

Caso o veto seja mantido, Aécio e líderes do PSB, que vai indicar o candidato, sinalizaram que acordo pode ser fechado sem os petistas


SIMONE IGLESIAS
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Executiva Nacional do PT proibiu ontem uma coligação com o PSDB à Prefeitura de Belo Horizonte, contrariando negociação entre o atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel (PT), e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).
A proibição abre uma crise entre a Executiva e Pimentel, que considerou o veto "um desrespeito" e uma "decisão politicamente equivocada". Os petistas de BH não descartam recorrer à Justiça caso não consigam derrubar a decisão no partido.
Em reação à proibição, Aécio já avisou que, se ela for mantida, os tucanos podem retirar o PT da coligação e lançar uma chapa com o PSB e outros aliados. Líderes do PSB em Minas classificaram a decisão de "retrógrada" e anunciaram a disposição de rever a aliança com o PT, se unindo aos tucanos.
"A Executiva Nacional decide comunicar ao diretório municipal de Belo Horizonte e ao encontro municipal que não autorizará, em nenhuma hipótese, o PT de participar de qualquer coligação da qual faça parte o PSDB naquela capital", diz trecho da resolução.
Tão logo foi divulgada, Pimentel criticou a decisão. Além de considerá-la "equivocada", afirmou que não está "estatutariamente embasada" e informou que "usará todos os recursos disponíveis para modificá-la, fazendo prevalecer a decisão soberana dos delegados eleitos pelo voto direto da base do partido" em Belo Horizonte.
O veto da Executiva Nacional compromete costura que Pimentel e Aécio vinham fazendo de PT e PSDB apoiarem a candidatura de Márcio Lacerda (PSB), afilhado político do governador e seu secretário de Desenvolvimento Econômico e ligado ao deputado Ciro Gomes (CE). O PT participaria da aliança indicando o candidato a vice, e os tucanos entrariam com o tempo de rádio e TV.
Esse entendimento recebeu críticas dos ministros petistas de Minas, Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria Geral), que pressionaram a direção nacional para vetar a aliança. Eles haviam recuado depois que o presidente Lula decidiu apoiar as negociações de Pimentel com Aécio. O apoio do presidente não foi suficiente.
O secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo (SP), disse que o veto foi definido para preservar o projeto nacional do partido em 2010. Na resolução, a Executiva faz críticas a Aécio como forma de justificar o veto: "Os diretórios nacional e estadual do PT consideram o governo Aécio Neves uma administração comprometida com políticas frontalmente distintas daquelas que compõem nosso ideário e o nosso programa de governo".
De 15 integrantes da Executiva, 13 votaram pela proibição. O presidente estadual do PSB, Wander Borges, disse na noite de ontem que os tucanos são "imprescindíveis" na coligação, dando sinais de que, se o PSDB não estiver na aliança, o PSB não se coligará com o PT.


Colaborou PAULO PEIXOTO , da Agência Folha, em Belo Horizonte


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