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Marta vê situação "delicada" para Alckmin
Um dia depois de perder apoio do PMDB para Kassab, PT paulista tenta transferir derrota para ex-governador tucano
Ministra se encontra com políticos petistas e afirma estar em "uma situação dificílima e muito propensa a aceitar" disputar a eleição
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de perder para
Gilberto Kassab (DEM) o apoio
do PMDB na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o PT paulista se reuniu em peso com a
ministra Marta Suplicy (Turismo), em Brasília, e tentou
transferir para o tucano Geraldo Alckmin o título de principal
derrotado no episódio.
"Acho que o governador
Alckmin ficou em situação
mais desfavorável, em uma situação bastante delicada, eu diria, já que seu próprio partido
articula em direção contrária a
ele", disse a ministra ontem,
em alusão à movimentação de
bastidor do governador José
Serra (PSDB) para levar o
PMDB a apoiar a candidatura
do prefeito paulistano.
Serra lidera a corrente tucana que tenta fazer Alckmin desistir de sua pré-candidatura
em prol de Kassab, vencedor da
queda-de-braço com o PT pelo
apoio do ex-governador Orestes Quércia, que controla o
PMDB em São Paulo.
Com a presença dos dois senadores paulistas do PT
(Eduardo Suplicy e Aloizio
Mercadante), 8 dos 14 deputados federais, mais da metade
dos deputados estaduais e todos os 12 vereadores do partido
em São Paulo, o encontro com
Marta Suplicy chegou a uma
avaliação de consenso, segundo
relato dos participantes: Serra
entrou abertamente na disputa
em prol de Kassab.
Se por um lado o PT perde
tempo de TV que o apoio do
PMDB lhe traria (4min30s,
sendo que o PT tem 4min), por
outro a aliança Quércia-Kassab, trabalhada por Serra, desidrata a candidatura Alckmin.
"É o racha definitivo no
PSDB, é uma paulada no Alckmin. Seria a mesma coisa que o
presidente Lula articular contra a Marta", afirmou o vereador José Américo, presidente
do PT paulistano.
Um dos principais aliados de
Alckmin, o deputado federal
Silvio Torres (PSDB-SP) rebate. "Na nossa avaliação, quem
se enfraqueceu foi a Marta, que
é a concorrente principal. Ela,
com o horário de TV do PMDB,
teria a candidatura muito fortalecida", disse.
Transporte
Oficialmente, a ida dos petistas ao encontro de Marta serviu
como apelo para que ela assuma aquilo que, nos bastidores,
todos dão como certo: a sua
pré-candidatura a mais um
mandato em São Paulo -Marta
foi prefeita entre 2001 e 2004.
"Foi muito forte o apelo, de
todo o partido no Estado de São
Paulo, e isso me tocou profundamente, o que me deixa em
uma situação dificílima e muito
propensa a aceitar", afirmou a
ministra, que ontem já adotou,
espontaneamente, o discurso
preliminar de campanha ventilado há semanas por seus aliados nos bastidores: o trânsito
em São Paulo. "Vemos que a
população de São Paulo passa
por uma situação de caos."
Pela legislação eleitoral,
Marta tem até 5 de junho para
deixar o cargo de ministra, mas
aliados afirmam que ela fará o
anúncio oficial já nas próximas
semanas.
"Tenho absoluta certeza de
que ela dirá sim. A Marta é a
nossa candidata, a escolha do
PT já foi feita", disse o senador
Aloizio Mercadante, que também vocalizou uma das estratégias discutidas ontem a portas
fechadas: a de pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ajudar o PT a fechar alianças com os três partidos do chamado bloquinho (PC do B, PSB
e PDT), todos eles ameaçando
lançar candidatos próprios. "É
importante que o presidente
tenha um olhar especial para a
cidade de São Paulo", afirmou
Mercadante.
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