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Senador usou assessor para levar compras particulares
Funcionário de Mozarildo transportou mercadorias de Manaus para Roraima
Suspeita da Procuradoria é que produtos comprados na Zona Franca tenham sido contrabandeados; petebista é investigado pelo Supremo
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) usou um assessor de seu gabinete, pago pelo
Senado, para transportar em
sua Kombi particular produtos
importados comprados na Zona Franca de Manaus, segundo
o Ministério Público Federal. O
veículo seguiu da capital amazonense até Roraima, Estado
de origem do congressista.
O fato só foi conhecido porque a Kombi foi parada no caminho e apreendida pela Polícia Federal, com o assessor ao
volante, pela suspeita de que a
mercadoria fosse contrabandeada. Por esse episódio, de
abril de 2006, o senador é investigado no STF (Supremo
Tribunal Federal) sob a suspeita de ter cometido crime de
contrabando ou descaminho.
Mozarildo nega a acusação
de contrabando. Ele apresentou à Folha parecer técnico da
Receita Federal opinando pelo
cancelamento de ações fiscais
relacionadas ao episódio. Mas
admite que o assessor Wanderley Moraes Castro fazia um
serviço de caráter particular.
Em sua versão, o senador diz
que a carga não era dele, mas
do ex-prefeito de Iracema (RR)
Joaquim de Freitas Ruiz, amigo e aliado, que acabara de
comprar brindes de Dia das
Mães para dar a eleitores.
Mozarildo reconhece ter determinado a Castro que fosse a
Manaus buscar a Kombi. E diz
que, lá, o assessor encontrou o
ex-prefeito e lhe ofereceu carona por decisão própria.
O Ministério Público Federal
contesta. Diz em documento
obtido pela Folha que algumas
caixas encontradas na Kombi
estavam identificadas com as
inscrições "Mozarildo" e "Joaquim". E que o senador e o ex-prefeito não comprovaram o
pagamento de impostos de importação, exigência para a saída de produtos da Zona Franca
para outro ponto do país.
O Ministério Público afirma
que foram apresentadas pelo
ex-prefeito cópias de comprovantes de cartões de crédito referentes a apenas R$ 1.000 dos
cerca de R$ 4.000 comprados.
"Não se comprovou até agora a
autoria e a forma de pagamento do equivalente a R$ 2.935,85
das compras", diz o texto.
Os argumentos foram aceitos pelo ministro do STF Joaquim Barbosa, que, em abril do
ano passado, determinou abertura de inquérito. A PF de Roraima investiga o caso.
O Senado permite aos senadores manter funcionários de
confiança nos Estados de origem ou em qualquer outro
ponto do país. A decisão diz
que eles devem prestar contas
exclusivamente aos senadores,
não sendo obrigados a estar em
Brasília. Em tese, considerando-se princípios constitucionais básicos, esses funcionários
só podem exercer funções ligadas à atividade parlamentar.
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