São Paulo, domingo, 25 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mercadante exalta Dilma no lançamento ao governo

Senador lança pré-candidatura sem atacar rival, Alckmin, mas com críticas a Serra

Pré-candidato ao governo paulista promete criar Conselhão regionalizado; Lula, que era esperado para o evento, não compareceu

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Mercadante, Dilma e Marta acenam para o público
durante evento petista em São Paulo, ontem


ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

No lançamento das pré-candidaturas de Aloizio Mercadante, ao governo de São Paulo, e de Marta Suplicy, ao Senado, a estrela foi Dilma Rousseff. Lula, esperado no evento, não compareceu.
A pré-candidata do PT à Presidência foi escalada para fazer a defesa do nome de Mercadante e de Marta aos delegados do partido, que aprovaram de maneira simbólica os dois principais candidatos da aliança que faz contraponto aos tucanos.
Ela foi recebida com festa pela militância ao som de um dos jingles da campanha, a toada sertaneja "Vem Dilma, vem".
Tratada como "a primeira presidente mulher que este país terá" por Mercadante, Dilma se apropriou do argumento da oposição para a disputa à sucessão ao Planalto ("O Brasil pode mais") para defender a vitória do senador no pleito.
"Achamos que é possível e necessário fazer muito mais", disse Dilma, que reforçou que a vitória do PT em São Paulo "Vai permitir que nós aqui façamos mais". O slogan tucano tem sido alvo de brincadeiras de Lula.
Em discurso, Dilma repetiu que obras emblemáticas da gestão José Serra (PSDB) no Estado, como o Rodoanel e a expansão do metrô, receberam recursos do governo federal. Ela fez também críticas à educação no Estado -apontada como um dos pontos fracos das gestões tucanas. Disse ainda que quem dirigiu o Estado nas últimas três décadas "não preparou São Paulo para o futuro".
Mercadante, que falou após a candidata ao Planalto, direcionou boa parte de seus ataques, sem citar nomes, ao atual governo paulista -Serra deixou o cargo no início de abril-, sem mencionar seu principal rival na disputa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo a última pesquisa Datafolha, no cenário com Paulo Skaf (PSB), a vantagem de Alckmin sobre o petista é de 39 pontos: o tucano tem 52% e Mercadante, 13%.
O pré-candidato petista ressaltou as conquistas do governo Lula e falou das dificuldades e dos desafios do Estado. Ele prometeu, como primeira ação caso seja eleito, criar um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, nos moldes do Conselhão criado por Lula, mas regionalizado no Estado. E disse que irá cuidar melhor do interior paulista. "São Paulo vai se interiorizar, vai olhar o interior com mais respeito", disse.
Mercadante citou os recentes conflitos do governo tucano com professores durante a greve da categoria. Ele afirmou não prometer atender todas as reivindicações dos professores, mas disse que se empenhará para melhorar a qualidade do ensino e valorizar a classe.
Ao final do discurso, ele se emocionou ao falar da vida dedicada à política.
A aliança construída até agora pelo PT para fazer frente à candidatura do PSDB inclui outros sete partidos (PDT, PC do B, PR, PRP, PPL, PT do B e PTN). "É a maior aliança da nossa história", afirma o presidente do PT-SP, Edinho Silva. A coligação estima o tempo de TV, durante a campanha, em torno de seis minutos.

Ausência
Antes da fala de Dilma, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), leu carta enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu desculpas por não estar presente no evento. A ausência causou mal-estar porque Lula foi o responsável pela mudança de posição de Mercadante, que até pouco tempo insistia em concorrer à reeleição no Senado.
Marta, em discurso, afirmou que São Paulo, reduto do PSDB e do principal pré-candidato da oposição, será o palco principal das eleições no Brasil.
"A luta é aqui em São Paulo, a eleição vai ser vencida aqui", disse. Marta atacou a oposição, afirmando que as críticas a Dilma são "procurar pelo em ovo". "Só não ousaram dizer que é porque é mulher", disse ela.
É a segunda vez que Mercadante concorre ao governo paulista. Na primeira, em 2006, foi derrotado por Serra, hoje rival de Dilma na disputa pelo Planalto. Antes de escolher Mercadante, o PT apostava no nome do deputado Ciro Gomes (PSB) como candidato de uma coalizão antitucana no Estado.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: PT testa slogan após rejeitar "provocação"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.