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JANIO DE FREITAS
À margem dos números
Mais significativas, na pesquisa do Datafolha, do
que as vantagens numéricas de
José Serra sobre Marta Suplicy,
nas várias simulações de candidatos, são as tendências ali sugeridas. Com as futuras composições e retiradas e com o de-
senrolar da campanha, os números vão passar por variações
a que a maior parte das tendências, se a disputa tiver curso normal, estarão refratárias.
A tão elevada taxa de rejeição
do eleitorado a Marta Suplicy,
em 43%, dispensaria comentário, não estivesse aí a primeira
indicação de que a sua campanha está obrigada a um percurso anormal. Não pode partir para a conquista ou a consolidação de votos, como farão José
Serra e outros. Marta mais precisa derrubar resistências ao seu
nome, ou não lhe adiantaria
chegar ao segundo turno. O problema que se projeta para Marta não é a insuficiência do que
tem a seu favor, é o excesso do
que tem decididamente contra
si.
Entre os que hoje preferem
Paulo Maluf e Luiza Erundina,
mas não se incluem na rejeição
a Marta, manifesta-se outra
tendência significativa: a possibilidade de transferência do seu
voto não o destina a Marta. No
caso do eleitorado de Maluf, se
formalizado o acordo do PP
com o malufismo, parte daquele
desvio poderia reverter-se, na
quota de votos que depende de
cabos-eleitorais bem controlados pelo próprio Maluf. A outra
parte, porém, e não se conhecem
as dimensões das duas, também
tem suas contas a ajustar com o
Lula e o PT, aos quais ajudou
muito no segundo turno da eleição presidencial em São Paulo.
Paulo Maluf e seu eleitorado
não constituem, portanto, a
apólice de seguro que o comando do governo e do PT tem imaginado, e pela qual os cargos públicos estão pagando preço tão
alto, em número, em nível e em
ganho. Pode-se dizer ainda: em
inutilidade.
Acima das tendências, Marta
Suplicy e o PT já podem ter uma
certeza: os 10% a 12% que Luiza
Erundina tem hoje, senão também os que conquiste ainda, já
estão comprometidos contra
Marta, se houver segundo turno
com Serra. Vale o mesmo para o
PPS e para o PDT. Pode não ser
muito, mas fará muita falta a
Marta já no primeiro turno e,
sobretudo, no provável segundo.
E a candidatura de Paulo Maluf, nisso tudo? Seu lançamento
foi uma resposta de força, pelo
menos em São Paulo, à conspiração entre a Presidência e o comando formal do PP, representado pelo deputado Pedro Correa, para ameaçar Maluf de expulsão do partido, por retardar
com tergiversações a conclusão
do acerto PT-PP. Da pré-candidatura de Maluf à candidatura,
no entanto, não vai distância,
vai improbabilidade.
E a pré-candidatura de José
Serra, mantém-se até meado de
junho, quando a convenção do
PSDB precisará oficializar seu
candidato? Se José Serra souber
mesmo, haverá uma pessoa que
acredita saber, e é tudo.
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