|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VOTO NA MARRA
Partido aprova resolução em que decide que parlamentares petistas têm de votar a favor de valor fixado pelo governo
PT manda bancada aprovar mínimo de R$ 260
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Executiva Nacional do PT
aprovou ontem resolução na qual
"decide" que as bancadas do partido na Câmara dos Deputados e
no Senado Federal têm de votar a
favor da medida provisória enviada pelo governo fixando o valor
do salário mínimo em R$ 260.
A resolução visa "enquadrar" os
parlamentares petistas que já ensaiam uma rebelião em relação à
proposta governista e demonstrar
coesão da base aliada, ou pelo menos do PT, após o governo ter enfrentado derrotas no Congresso.
"Neste momento, é fundamental que as duas bancadas tomem a
posição da maioria. A decisão da
Executiva vai ser respaldada pela
bancada. Vamos trabalhar para
que haja unidade de ação", disse o
presidente do PT, José Genoino.
"Como o principal partido da
base aliada, não podemos deliberar sem levar em consideração o
que o governo propôs. A bancada
levará em consideração a decisão
da Executiva. Entendemos que a
posição do PT é essa [a favor dos
R$ 260]", afirmou o líder do PT na
Câmara, Arlindo Chinaglia (PT),
admitindo o teor de "enquadramento" do texto da Executiva.
A votação da MP do mínimo,
prevista para a próxima semana,
chegou a ser adiada após avaliação do governo de que a aprovação da medida estava em risco
com a derrota, na semana passada, da proposta de reeleição dos
presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e do Senado,
José Sarney (PMDB-AP).
Apesar de, na prática, a resolução do PT já determinar o voto
dos parlamentares, os petistas
afirmam que a questão só será fechada após debate nas bancadas.
A maioria dos 90 deputados petistas vota alinhada com o governo. Integrantes do PT admitem,
entretanto, que a votação do mínimo pode ser tão desgastante
quanto a da reforma da Previdência, que ocorreu no ano passado,
quando houve a expulsão de quatro parlamentares do partido.
Segundo a resolução, aprovada
por 12 votos contra 5 (Chinaglia
foi a única abstenção), "os sacrifícios e os constrangimentos impostos no presente momento pelas restrições orçamentárias serão
recompensados no futuro". Ao citar a previsão de R$ 12 bilhões de
investimento do governo, o texto
diz ainda que o "aumento maior
do mínimo implicaria remanejamento de recursos que causariam
prejuízos a outros projetos fundamentais para a sociedade".
De acordo com Chinaglia, os
deputados temem que, uma vez
definido o valor de R$ 260, o governo ceda no Senado, como
ocorreu em pontos da reforma
previdenciária. "Depois nós saímos como a madrasta, e os outros, a vovozinha", disse. Na Câmara, foram apresentadas três
emendas do PT à proposta governista de aumentar de R$ 240 para
R$ 260. Elas elevam o valor para
R$ 295, R$ 280 e R$ 270. No Senado, a proposta chega a R$ 303.
Punições
Genoino evitou comentar eventuais punições aos petistas que
votarem contra o mínimo do governo. "Não vamos colocar a carroça na frente dos bois", disse.
Já se antecipando à discussão
"tensa", como definiu Chinaglia,
sobre o novo valor do salário, a resolução prevê o direito dos parlamentares de "expressarem suas
opiniões individuais", desde que
"adotem uma posição comum de
apoio à MP do governo". O senador Eduardo Suplicy pediu a "flexibilização" do PT: "Entendo que
o possível agora são os R$ 260,
mas devemos respeitar os que
consideram R$ 260 inaceitável".
Texto Anterior: Janio de Freitas: À margem dos números Próximo Texto: Para deputados, valor é "impossível" de ser defendido Índice
|