São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004 |
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TODA MÍDIA Voz da China
NELSON DE SÁ Na oficialesca cobertura da imprensa chinesa, a agência estatal Xinhua produz despachos sem parar, seguindo a agenda de Lula. Vai do encontro entre os dois presidentes à inauguração do escritório chinês da Petrobras, falando em "gigante brasileira do petróleo", "discussão em profundidade" etc. O apoio do Brasil a uma só China tem destaque, mas nada de direitos humanos, tanto na agência como na imprensa, também estatal. No "Diário do Povo", um dos destaques no domingo foi que "o comércio sino-brasileiro quadruplica" e que ambos são "complementares". O ministro chinês do Comércio garante que "o governo chinês encoraja a cooperação". Para hoje, está programada uma entrevista de Lula. Para a televisão estatal, mais entrevista de Lula, feita ontem e programada para veiculação no domingo, nacionalmente. O "Diário da China", que até publicou suplemento especial de quatro páginas em sua edição impressa, segundo "O Estado de S.Paulo", reproduzia ontem no site várias declarações de Lula e detalhava projetos em petróleo, aeronáutica etc. Outros sites da China, com tradução para espanhol e inglês, traziam coisas como o convite do ministro de Turismo daqui aos viajantes de lá. Em Taiwan, o "Taipei Times", também em inglês, trouxe no domingo reportagem sobre os 200 mil chineses que vivem no Brasil, "70 mil de Taiwan". Eles estariam, de fato, "construindo as relações empresariais entre Brasil e China". Não faltou menção à tortura e morte de Chan Kim Chang, o empresário chinês detido no Rio no ano passado. KIRCHNER E O BRASIL Em meio a despachos de Pequim, Gaza, Barcelona, a Globo deu um jeito de falar do aniversário de um ano, hoje, do governo Néstor Kirchner. "Os argentinos têm razão para comemorar", disse a rede, para em seguida relacionar problemas ("sem crédito externo, metade abaixo da linha da pobreza, produção industrial caiu"). A Argentina, de sua parte, não tira os olhos do Brasil. A troca do embaixador brasileiro já tinha sido noticiada no "La Nacion", com perfil do novo e entrevista do anterior, e ontem teve mais atenção, no encontro com Kirchner. Mas a mesma imprensa dá atenção para problemas nas relações bilaterais. Sobre o Conselho de Segurança da ONU, o "Clarín" publicou um artigo dizendo que a América Latina não deve ser "representada por um só país". Sobre China, noticiou que "a Argentina também terá novidades com o país asiático", em comércio. Mas o problema principal, sublinham os jornais há dias, é a desvalorização do real -e o déficit comercial com o Brasil, que só cresce. Voz do Brasil A cobertura da Globo é mais extensiva do que a chinesa, mas o tom não é muito diferente. Ontem, no Jornal Nacional: - A delegação fez mais que conversar. Só ontem foram 12 acordos, fechando negócios de exportação que vão de café até motocicletas, acertando parcerias para investimentos, como o pólo siderúrgico do Maranhão e a termoelétrica no Rio Grande do Sul, e garantindo linhas de financiamento de infra-estrutura. Churrasco O site da BBC Brasil abriu cobertura especial, a exemplo da Globo.com, com títulos como "Lula celebra 30 anos de casado em churrascaria da China". Já a BBC inglesa destaca aqui e ali a viagem, dizendo, por exemplo, que "Lula corteja Pequim". Nos EUA Nos EUA, por enquanto, sites e jornais só reproduzem agências, dizendo que "China e Brasil prometem fortalecer pacto" etc. Uma exceção é o "Boston Globe", com longa reportagem sobre a atuação do chanceler Celso Amorim, inclusive na China. Explicações A cobertura mais sensível é a da soja contaminada, que o Brasil exportou e a China devolveu. "Financial Times", "Forbes" e Bloomberg vêm destacando, mas o JN garantia ontem: - O Ministério das Relações Exteriores chinês informou que o país aceitou as explicações sobre a soja contaminada. E considera o problema superado. Ao Nordeste Os sites de economia, além de soja, tratavam ontem de alumínio. Da agência Dow Jones: - A Cia. Vale do Rio Doce e a Chalco, da China, assinaram acordo para construir refinaria de R$ 1 bilhão no Nordeste. Romance E tem mais, além de soja etc. De "O Estado de S.Paulo": - Celebridade na China com "A Escrava Isaura", a atriz Lucélia Santos está na comitiva e negocia uma série em co-produção. "O Amor do Outro Lado da Terra" contará o romance de uma brasileira e um chinês. Virtual Mais do "New York Times". No meio de um texto sobre o programa nuclear iraniano: - Especialistas já falam de um tema tabu: países com armas "virtuais". Japão, Alemanha, Brasil e outros já dominaram o básico e poderiam rapidamente, se quisessem, cruzar a linha e produzir armas nucleares. Máquina Do "Financial Times": - Enquanto o presidente esquerdista do Brasil lidera uma delegação à China, líderes governistas lutam esta semana para manter o controle de uma máquina política que escorrega. Serra e a China José Serra falou ao "Valor" e à Jovem Pan. No rádio, temas locais. No jornal, reagiu à viagem de Lula dizendo que "a área de maior continuidade em relação a FHC é a política externa". Texto Anterior: Dinheiro público: Promotores movem ação contra ONG Índice |
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