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Jefferson critica PT e cita a fábula do escorpião e o sapo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Roberto Jefferson voltou ontem
aos tempos em que integrava a
tropa-de-choque do ex-presidente Fernando Collor (1990-1992) e
atacou duramente o PT e seu presidente, José Genoino, a quem
acusou de falta de lealdade.
Dizendo ter se recusado por
duas vezes a receber os ministros
José Dirceu (Casa Civil) e Aldo
Rebelo (Coordenação Política),
entre ontem e anteontem, Jefferson classificou o PT de traiçoeiro
ao compará-lo ao "escorpião" da
fábula em que o sapo e o escorpião fecham um acordo para atravessar um rio. Apesar de prometer ao sapo que não o picaria se
fosse carregado em suas costas, o
escorpião trai sua palavra dizendo
que não poderia trair sua natureza. Ambos morrem afogados.
"Não ouvi uma palavra de carinho de ninguém do governo, a
não ser do presidente Lula. A relação entre o PTB e o PT é essa, do
sapo e do escorpião. O PTB é o sapo." O presidente do PTB disse
ainda ter sido "indiciado na imprensa" como o grande malfeitor
do país, mas argumentou que o
alvo da oposição no Congresso é
outro: "O PTB é escada, o objetivo
é Lula. Na hora que eu assino a
CPI vou ser investigado, mas eu
não sou o alvo do PSDB e do PFL.
Eles querem o PT. CPI do PTB é
sem graça", disse, arrematando:
"Mas a CPI que pega o governo,
com 18 estatais, com tentáculos
enormes, "vamos trazer aqui o tesoureiro do PT, o segundo tesoureiro, o Silvinho, vamos trazer o
Dirceu", ah, essa é importante".
Jefferson se referia ao secretário-geral (Delúbio Soares) e ao secretário de Finanças (Sílvio Pereira) do PT. Segundo a "Veja" desta
semana, Dirceu teria dito que
uma CPI chegaria facilmente aos
dois. O ministro nega. Em discurso aos integrantes da Executiva,
Jefferson foi mais duro, afirmando que Genoino não tem lealdade.
Disse ainda que sua preocupação
é defender o PTB, não o governo.
Segundo integrantes da Executiva, Jefferson relatou que se recusou a receber Dirceu, Aldo e Genoino, que o teriam procurado na
noite de anteontem no seu apartamento. "Não deixei subir", teria
dito. O presidente do PTB relatou
que foi procurado por Aldo e Dirceu novamente na manhã de ontem e também não teria atendido.
Na terceira tentativa, Jefferson
disse que estava no banho e que a
empregada acabou "deixando" os
ministros entrarem. "Eles faltaram se ajoelhar para pedir a retirada das assinaturas", afirmou.
Na reunião, estava presente o
ex-diretor de Administração dos
Correios Antonio Osório, que novamente se declarou inocente,
mas não quis falar com a imprensa. Em seu discurso, Jefferson
apoiou o correligionário. "O apelido dele nos Correios era marcha-à-ré, era muito cauteloso",
disse.
(RANIER BRAGON)
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