São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2005

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Jefferson critica PT e cita a fábula do escorpião e o sapo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Roberto Jefferson voltou ontem aos tempos em que integrava a tropa-de-choque do ex-presidente Fernando Collor (1990-1992) e atacou duramente o PT e seu presidente, José Genoino, a quem acusou de falta de lealdade.
Dizendo ter se recusado por duas vezes a receber os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), entre ontem e anteontem, Jefferson classificou o PT de traiçoeiro ao compará-lo ao "escorpião" da fábula em que o sapo e o escorpião fecham um acordo para atravessar um rio. Apesar de prometer ao sapo que não o picaria se fosse carregado em suas costas, o escorpião trai sua palavra dizendo que não poderia trair sua natureza. Ambos morrem afogados.
"Não ouvi uma palavra de carinho de ninguém do governo, a não ser do presidente Lula. A relação entre o PTB e o PT é essa, do sapo e do escorpião. O PTB é o sapo." O presidente do PTB disse ainda ter sido "indiciado na imprensa" como o grande malfeitor do país, mas argumentou que o alvo da oposição no Congresso é outro: "O PTB é escada, o objetivo é Lula. Na hora que eu assino a CPI vou ser investigado, mas eu não sou o alvo do PSDB e do PFL. Eles querem o PT. CPI do PTB é sem graça", disse, arrematando: "Mas a CPI que pega o governo, com 18 estatais, com tentáculos enormes, "vamos trazer aqui o tesoureiro do PT, o segundo tesoureiro, o Silvinho, vamos trazer o Dirceu", ah, essa é importante".
Jefferson se referia ao secretário-geral (Delúbio Soares) e ao secretário de Finanças (Sílvio Pereira) do PT. Segundo a "Veja" desta semana, Dirceu teria dito que uma CPI chegaria facilmente aos dois. O ministro nega. Em discurso aos integrantes da Executiva, Jefferson foi mais duro, afirmando que Genoino não tem lealdade. Disse ainda que sua preocupação é defender o PTB, não o governo.
Segundo integrantes da Executiva, Jefferson relatou que se recusou a receber Dirceu, Aldo e Genoino, que o teriam procurado na noite de anteontem no seu apartamento. "Não deixei subir", teria dito. O presidente do PTB relatou que foi procurado por Aldo e Dirceu novamente na manhã de ontem e também não teria atendido.
Na terceira tentativa, Jefferson disse que estava no banho e que a empregada acabou "deixando" os ministros entrarem. "Eles faltaram se ajoelhar para pedir a retirada das assinaturas", afirmou.
Na reunião, estava presente o ex-diretor de Administração dos Correios Antonio Osório, que novamente se declarou inocente, mas não quis falar com a imprensa. Em seu discurso, Jefferson apoiou o correligionário. "O apelido dele nos Correios era marcha-à-ré, era muito cauteloso", disse. (RANIER BRAGON)


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