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RIGOR FISCAL
Parecer diz que não houve prévia autorização para operação de crédito
CAE diz que Marta descumpriu lei
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Parecer técnico apresentado
ontem na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado
afirma que a ex-prefeita Marta
Suplicy (PT) descumpriu a Lei de
Responsabilidade Fiscal ao promover modificações no contrato
da Prefeitura de São Paulo com o
Reluz (Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente).
A conclusão, do consultor legislativo Marcos Mendes, foi enviada ao presidente da CAE, senador
Luiz Otávio (PMDB-PA). Segundo o relatório, a mudança no contrato é uma nova operação de crédito. Como a prefeitura estava
acima do limite de endividamento estabelecido pelo Senado, isso
só poderia ocorrer com a aprovação do Ministério da Fazenda.
Por meio do Reluz, o governo
federal repassa recursos às concessionárias de energia elétrica,
que, por sua vez, fecham contratos com as prefeituras para fornecer iluminação pública. A Prefeitura de São Paulo assinou o contrato com a Eletropaulo, sob as regras do Reluz, em 2002, mas, em
fevereiro de 2004, promoveu um
aditamento no acordo, elevando
os valores em R$ 187 milhões. A
modificação só foi informada ao
Tesouro Nacional em dezembro.
No início do ano, a CAE já havia
cobrado explicações da ex-prefeita, que, em resposta, enviou nota
onde dizia que o aditamento foi
formalidade e que não houve a
concessão de novo empréstimo.
O parecer técnico de ontem discorda da explicação: "Os argumentos apresentados pela ex-prefeita não são capazes de rebater os
indícios de desrespeito à legislação de controle do endividamento público. Fornecem, isso sim,
elementos em favor da tese de que
houve uma operação de crédito
sem prévia autorização do Senado e, provavelmente, sem que lei
municipal autorizasse a contratação de tal operação".
A Prefeitura de São Paulo não
foi a única a realizar esse tipo de
operação sob as regras do Reluz,
e, no início deste ano, o governo
editou MP regularizando a situação das cidades envolvidas.
Presente à audiência da CAE em
que foi apresentado o parecer sobre a operação de São Paulo, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), apresentou requerimento para que a Fazenda envie ao Senado uma lista
com todas as prefeituras que realizaram transações semelhantes.
Uma das punições possíveis seria a exclusão das prefeituras do
Reluz, mas, com a MP, essa possibilidade deixa de existir.
Medida Provisória
A Câmara aprovou ontem a MP
que autoriza prefeituras a contrair
empréstimos para implementar o
Reluz mesmo que tenham estourado limites de endividamento.
A MP 237, editada em janeiro,
beneficiou Marta Suplicy, entre
outras administrações. Por isso,
foi apontada pela oposição como
casuística e talhada para livrar
Marta de problemas judiciais. Ela
poderia ficar inelegível caso fosse
apontada infração da LRF.
A MP, que segue agora ao Senado, também ampliou o prazo pelo
qual prefeituras endividadas estão autorizadas a tomar empréstimos internacionais. O prazo era
de seis anos contados a partir de
30 de junho de 1999, ou seja, havia
janela até o mês que vem, mas foi
ampliado até 30 de junho de 2006.
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