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JANIO DE FREITAS
A receita de devastação
A reivindicação fundamental dos auditores é a abertura de conversação entre o seu sindicato e o governo
AS GREVES no funcionalismo federal -e, particularmente, a
que fazem agora os auditores
fiscais da Receita Federal- desvendam mais um propósito inconfessado do governo Lula. O seu descaso
pelos servidores e pelo próprio serviço público não é circunstancial
nem seletivo, é uma política de minimização, econômica e social, da
máquina administrativa.
Uma adaptação da política simplesmente destrutiva aplicada por
Fernando Henrique Cardoso, agora
buscando um conjunto de fins: oprimir vencimentos, emagrecer certos
setores e, onde indispensável,
preencher vagas a custo mais baixo
e com menor atração para pessoas
de nível socioeconômico melhor.
Dois casos ilustrativos dessa política são a recente greve da Vigilância
Sanitária (Anvisa), em trégua nestes
dias, e a dos auditores fiscais. Na primeira delas, nem a falta de medicamentos e equipamentos médicos
importados provocou interesse do
governo para a discussão com os fiscais da Anvisa. Os auditores fiscais,
por sua vez, estão em greve desde o
dia 2. A decorrente retenção de importações nas aduanas já produz reflexos imensos de ordem industrial
e comercial. Sem falar nas simpáticas oportunidades abertas ao contrabando e ao narcotráfico, alargadas por orientações para liberação,
sem fiscalizar, de grande quantidade de cargas importadas. E não porque sejam produtos perecíveis ou
essenciais sem similar nacional.
A reivindicação fundamental dos
auditores fiscais é a abertura de conversação entre o seu sindicato e o
governo, sobre problemas comuns a
ambos. Não obtiveram nem ao menos um sinal de resposta. Ministro
da Fazenda, Guido Mantega passou,
há duas semanas, quase um dia todo
em conversa na Federação dos Bancos, em São Paulo.
Fiscais o esperaram com o pedido
de que lhes concedesse um tempinho. Tão disponível para a Febraban, não sobravam sequer minutos
ao ministro do Partido dos Trabalhadores. Mas prometeu dar retorno ao pedido. E nunca mais.
Reconheçamos, porém, que os auditores fiscais da Receita Federal
querem demais. Como seus colegas
servidores públicos -essas pessoas
que mantêm o governo vivo e em
pé-, os fiscais receberam de Lula,
no ano passado, o aumento de 0,1%.
O percentual exige microscópio,
mas a humilhação foi como uma
bem visível golfada de saliva fétida.
No rosto.
Melhor
Entregar à Procuradoria da República e ao Supremo a investigação da fraude das ambulâncias, a
tal Operação Sanguessuga, não é a
má solução que está apontada. A
apuração será confiável, porque
sem permutas entre os comprometidos, e não sofrerá com as ausências eleitorais no Congresso.
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