São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Operação Mordaça

Em tempos de Operação Navalha, surge um súbito entendimento entre governo e oposição. Ele deve resultar num projeto de lei, a ser apresentado na CCJ da Câmara, para punir delegados, procuradores e juízes que vazarem informações sob segredo de Justiça, limitar o uso de grampos telefônicos e regulamentar a utilização de câmeras de TV e fotos em ações policiais.
A tentativa de mordaça, batizada na CCJ com o pomposo nome de "regime de garantias", tem o apoio entusiasmado de PSDB, PMDB e PT. Idéia do tucano Bruno Araújo (PE), a proposta foi acolhida pelo presidente da comissão, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), e levada por José Genoino (PT-SP) a Arlindo Chinaglia (PT-SP). O presidente da Câmara deu sinal verde.

Sem censura. "Não é mordaça. Temos obrigação de zelar pelo Estado de Direito e evitar os excessos", diz o presidente da CCJ. Segundo Picciani, Tarso Genro (Justiça) e Paulo Lacerda (PF) serão chamados a debater o projeto.

Rédea solta. Para os governistas, que na reunião do Conselho Político tomaram satisfações de Tarso, o ministro não controla minimamente a PF. Lembram que ele ficou sabendo da navalha horas antes do início da operação.

Líder. A grita anti-PF foi iniciada por Roseana Sarney (PMDB-MA), atingida pelo desgaste do grupo do Senado com a investigação. "O Congresso não tem como aprovar projetos do governo nesse clima de terror", advertiu.

Em família. Quem solicitou ao ministro Augusto Nardes, do TCU, que pedisse vistas num processo contra a Gautama, empreiteira-mãe da operação, atrasando o julgamento, foi o também ministro Guilherme Palmeira -parente de Maria de Fátima Palmeira, diretora da empresa.

Passou longe. Quando a delegada Andréa Tsuruta solicitou as imagens do circuito interno do Ministério de Minas e Energia para rastrear os passos de Fátima Palmeira, os responsáveis por autorizar o acesso presumiram que era a Delegacia da Mulher que pedia as fitas, para averiguar denúncia de assédio sexual.

Virou moda. Depois de Jackson Lago (PDT-MA), hoje será a vez de o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, ser recebido com ato de desagravo. Correligionários farão carreata do aeroporto até o centro do município baiano em apoio ao petista, acusado de receber benefícios em troca de favorecer a Gautama.

Tentáculos 1. Márcio Galvão, citado em ligação grampeada pela PF pelo funcionário da Gautama Flávio Candelot como seu interlocutor no Ministério das Cidades, está na lista de indicações do PP, que quer mantê-lo na Secretaria de Saneamento da pasta.

Tentáculos 2. O secretário-executivo da pasta, Rodrigo Figueiredo, também citado pelo lobista da Gautama, recebeu aval do PP para ficar no posto. A sigla reivindica ainda uma vice-presidência da CEF. Nos grampos, Flávio Pin, da Caixa, tentava incluir obras na cota da pasta no PAC.

Reconstituição. Na próxima terça, a CPI do Apagão Aéreo ouvirá João Marcelo Fernandes, controlador de vôo que estava trabalhando quando ocorreu o desastre com o avião da Gol. Será a primeira vez que o sargento falará publicamente sobre o acidente.

Nada feito. Em visita à reitoria invadida da USP, Dalmo Dallari sugeriu aos estudantes que deixassem o local e arguissem na Justiça a inconstitucionalidade do decreto que criou a Secretaria de Ensino Superior. Eles responderam que sua batalha não é jurídica, e sim política, contra Serra.

Em campanha. De olho na Prefeitura de São Bernardo, o ministro da Previdência, Luiz Marinho, comemora amanhã 48 anos na rota do frango com polenta acompanhado de 1.500 apoiadores.

Contraponto

Pano rápido

Em evento do jornal "Correio Braziliense" realizado na noite de anteontem, José Roberto Arruda (DEM) surpreendeu a todos com um discurso rápido:
-Falei alto para ser ouvido e vou sair rápido para ser aplaudido-, brincou o governador do Distrito Federal.
Lula, escalado para discursar logo em seguida, agradeceu a concisão do ex-pefelista:
-Hoje faço 33 anos de casado. Nós, Arruda, que somos bem casados, sabemos como isso é importante.
A gargalhada foi geral. O presidente não sabia, mas poucos dias antes Arruda havia oficializado a separação com a ex-mulher Mariane, depois de 16 anos de união.


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