São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Bombas fiscais

Depois da regulamentação da emenda que destina mais recursos à saúde, do fim do fator previdenciário e da indexação das aposentadorias ao salário mínimo, todas matérias aprovadas pelo Senado e que agora irão à Câmara, um novo projeto tira o sono dos governadores. Trata-se da PEC que equipara a carreira dos delegados à dos membros do Ministério Público.
Mantida a "janela" de medidas provisórias negociada com o Executivo, a emenda irá à votação na Câmara em junho, antes do recesso. O lobby dos delegados é intenso. Os governadores, por sua vez, começam a alertar suas bancadas para o efeito explosivo da equiparação sobre a folha de pagamento dos Estados.



Simplesinha. Autor da PEC, Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) rejeita a idéia de que ela vá bagunçar as contas dos Estados. "Isso é terrorismo." Ele diz que o texto se limita a recuperar o status de "carreira jurídica" que os delegados de polícia adquiriram na Constituição de 1988 e perderam na reforma administrativa dos anos FHC.

Complicômetro. Faria de Sá reconhece, porém, que o movimento por equiparação salarial começará no dia em que for aprovada a emenda.

Sem braço. Entre os governadores, há quem se preocupe com a tendência dos deputados, oposicionistas inclusive, de aprovar a PEC da saúde tal como veio do Senado, deixando a Lula o ônus de vetá-la.

Não é comigo. Os governadores preocupados enxergam risco de Lula vetar só a parte que aumenta o gasto da União, deixando no texto os dispositivos que aumentam as despesas dos Estados.

Praia da Força 1. A relação de Paulinho (PDT-SP) com Praia Grande -deputado e município enroscados na Operação Santa Tereza da PF- vem de longe. Entre o segundo semestre de 2006 e junho do ano passado, meses antes de o prefeito Alberto Mourão (PSDB) assinar com o BNDES contratos agora sob investigação, a Força Sindical realizou três grandes eventos no município paulista.

Praia da Força 2. Destino favorito da Força Sindical, Praia Grande recebeu até a Plenária Nacional da central, Paulinho à frente, nos dias 21 e 22 de junho de 2007, com a presença de 400 sindicalistas. O convidado ilustre foi o ministro Carlos Lupi (Trabalho), presidente do PDT, que abriga a militância da central.

Só no tapetão. Quem acompanha o assunto de perto garante: se não houver "golpe de mão", é remota a chance de a convenção do PSDB aprovar a coligação na chapa de vereadores com o PTB, uma das condições aceitas por Geraldo Alckmin para ter o partido como aliado na disputa pela prefeitura.

À espreita. Convencidos de que a coligação na chapa proporcional vai lhes tirar vagas na Câmara, os vereadores tucanos não querem nem ouvir falar no assunto. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) aposta nessa encrenca como fator de desestabilização da aliança entre PSDB e PTB.

Com a barriga. Ciente da insatisfação dos vereadores, desde sempre inclinados a apoiar a reeleição de Kassab, Alckmin tenta convencê-los de que a coligação na chapa proporcional será para o bem, como fez ontem ao tratar do assunto na convenção do PTB. Poucos acreditam.

Extremos. De um alckmista, sobre a diferença de recursos à disposição da campanha do tucano e de Kassab: "Nós estamos comprando na 25 de Março. Eles, só na Daslu".

Para todos. Com um CNPJ diferente do usado nas doações a tucanos em 2006, a Alstom, suspeita de pagar propina a autoridades brasileiras, contribuiu com R$ 8 mil para o comitê financeiro da campanha reeleitoral de Lula.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Por que fazer isso com o pobre do Mantega? A única alegria dele é dar entrevistas para anunciar coisas que depois não acontecem.

Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA) sobre a recomendação de Lula para que o ministro entre pela garagem da Fazenda, de modo a evitar se pronunciar a respeito de temas ainda indefinidos no governo.

Contraponto

Força estranha

Félix Mendonça (DEM) fazia campanha para deputado federal, anos atrás, no município baiano de Itabuna, do qual havia sido prefeito. A noite era chuvosa. O frio, intenso. Mas o comício estava surpreendentemente lotado, o que estimulou a oratória do candidato:
-Ó, meu Deus, que força faz com que este povo esteja aqui a nos ouvir a esta hora, e com esta chuva?
Do meio da praça, alguém berrou:
-É o bingo! É o bingo!
Esclarecido o fenômeno nada metafísico, os organizadores trataram de encerrar logo os discursos e passar de uma vez ao sorteio dos prêmios anunciados.


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