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Renan e Lula se reúnem para traçar estratégia e compor CPI
Senador diz que nomes serão definidos só após conversa; PT quer presidência e relatoria
Tucano Alvaro Dias afirma que vai pedir à PF, ao TCU e ao Ministério Público dados de todas as investigações que envolvem a Petrobras
FERNANDA ODILLA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A base aliada do governo se
reúne na manhã de hoje com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para definir os melhores
nomes e a estratégia que será
usada para proteger a Petrobras na CPI instalada no Senado para investigar denúncias de
irregularidades na estatal.
Ontem, o senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB,
negou que levará a Lula os nomes de ACM Junior (DEM-BA)
para presidir e o de Romero Jucá (PMDB-RR) para relatar a
CPI. Apesar de a dupla contar
com apoio de parte da oposição
e até de petistas, ele disse que
só após conversar com o presidente vai definir a composição
e o comando da comissão.
"A preocupação é com quem
não vou designar. Nesse momento temos um quadro de excesso", disse Renan, que deve
indicar três titulares e dois suplentes do PMDB para a CPI.
O objetivo do PMDB é se valorizar ainda mais com Lula e,
também, enfraquecer o PT. Na
semana passada, o senador
Wellington Salgado (PMDB-MG) se encontrou com o presidente da Petrobras, José Sérgio
Gabrielli, nos EUA. "Ele está
preocupado. Teme que qualquer licitação vire denúncia. Eu
disse a ele para conversar mais
com o PMDB do Senado."
Petistas, que querem manter
presidência e relatoria da CPI
com governistas, acreditam
que Lula levará em conta todas
as ponderações de Renan. Os
mais próximos ao presidente
dizem que ele não vai criar problemas a poucos meses das definições da eleição de 2010.
Na conversa com Lula, devem ser tratados temas como
relatorias de matérias de interesse do governo no Congresso,
conjuntura eleitoral e política
para 2010 e reações do governo
sobre a pressão peemedebista
para trocar diretores da Petrobras em troca de apoio na CPI.
A estratégia do governo para
conter a oposição também será
um dos pontos da conversa. "A
maior preocupação deve ser
com os contratos da Petrobras.
Não são contratos convencionais, não seguem o padrão de
outras estatais. Já falei para o
presidente Lula e para a ministra Dilma Rousseff [Casa Civil]
que essa peculiaridade precisa
ser bem trabalhada para que
não haja distorções", afirmou o
senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-diretor da estatal.
Mas, se depender da oposição, as investigações contra a
estatal que já estão em andamento serão o foco inicial.
O senador Alvaro Dias
(PSDB-PR) afirmou ontem que
vai preparar requerimentos para apresentar na primeira reunião da CPI pedidos requisitando todos os relatórios da Polícia
Federal sobre as operações que
tiveram a estatal como alvo, as
auditorias do Tribunal de Contas da União e o material do Ministério Público que questiona
o pagamento de R$ 178 milhões
da Petrobras a usineiros.
Dias reivindica a presidência
da CPI por ter sido o autor do
requerimento de criação da comissão, mas a base governista
já vetou sua candidatura.
Apesar de as vagas de relator
e presidente serem negociadas
por acordo, o regimento determina que o presidente seja eleito e indique o relator. Essa eleição só ocorre após instalação da
CPI, feita depois da leitura dos
nomes em plenário pelo presidente. O prazo final para indicação dos nomes é quarta-feira.
A instalação poderá ser atrasada ainda mais porque o PSDB
pretende insistir na reivindicação de outra vaga na comissão.
Na sexta-feira, o presidente da
Casa, José Sarney (PMDB-AP),
negou o pedido apresentado
pelo líder tucano Arthur Virgílio (AM). "A resposta do presidente foi muito vaga. Vou pedir
um parecer da Comissão de
Constituição e Justiça", disse.
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