São Paulo, segunda-feira, 25 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Renan e Lula se reúnem para traçar estratégia e compor CPI

Senador diz que nomes serão definidos só após conversa; PT quer presidência e relatoria

Tucano Alvaro Dias afirma que vai pedir à PF, ao TCU e ao Ministério Público dados de todas as investigações que envolvem a Petrobras

FERNANDA ODILLA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A base aliada do governo se reúne na manhã de hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para definir os melhores nomes e a estratégia que será usada para proteger a Petrobras na CPI instalada no Senado para investigar denúncias de irregularidades na estatal.
Ontem, o senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB, negou que levará a Lula os nomes de ACM Junior (DEM-BA) para presidir e o de Romero Jucá (PMDB-RR) para relatar a CPI. Apesar de a dupla contar com apoio de parte da oposição e até de petistas, ele disse que só após conversar com o presidente vai definir a composição e o comando da comissão.
"A preocupação é com quem não vou designar. Nesse momento temos um quadro de excesso", disse Renan, que deve indicar três titulares e dois suplentes do PMDB para a CPI.
O objetivo do PMDB é se valorizar ainda mais com Lula e, também, enfraquecer o PT. Na semana passada, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) se encontrou com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, nos EUA. "Ele está preocupado. Teme que qualquer licitação vire denúncia. Eu disse a ele para conversar mais com o PMDB do Senado."
Petistas, que querem manter presidência e relatoria da CPI com governistas, acreditam que Lula levará em conta todas as ponderações de Renan. Os mais próximos ao presidente dizem que ele não vai criar problemas a poucos meses das definições da eleição de 2010.
Na conversa com Lula, devem ser tratados temas como relatorias de matérias de interesse do governo no Congresso, conjuntura eleitoral e política para 2010 e reações do governo sobre a pressão peemedebista para trocar diretores da Petrobras em troca de apoio na CPI.
A estratégia do governo para conter a oposição também será um dos pontos da conversa. "A maior preocupação deve ser com os contratos da Petrobras. Não são contratos convencionais, não seguem o padrão de outras estatais. Já falei para o presidente Lula e para a ministra Dilma Rousseff [Casa Civil] que essa peculiaridade precisa ser bem trabalhada para que não haja distorções", afirmou o senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-diretor da estatal.
Mas, se depender da oposição, as investigações contra a estatal que já estão em andamento serão o foco inicial.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou ontem que vai preparar requerimentos para apresentar na primeira reunião da CPI pedidos requisitando todos os relatórios da Polícia Federal sobre as operações que tiveram a estatal como alvo, as auditorias do Tribunal de Contas da União e o material do Ministério Público que questiona o pagamento de R$ 178 milhões da Petrobras a usineiros.
Dias reivindica a presidência da CPI por ter sido o autor do requerimento de criação da comissão, mas a base governista já vetou sua candidatura.
Apesar de as vagas de relator e presidente serem negociadas por acordo, o regimento determina que o presidente seja eleito e indique o relator. Essa eleição só ocorre após instalação da CPI, feita depois da leitura dos nomes em plenário pelo presidente. O prazo final para indicação dos nomes é quarta-feira.
A instalação poderá ser atrasada ainda mais porque o PSDB pretende insistir na reivindicação de outra vaga na comissão. Na sexta-feira, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), negou o pedido apresentado pelo líder tucano Arthur Virgílio (AM). "A resposta do presidente foi muito vaga. Vou pedir um parecer da Comissão de Constituição e Justiça", disse.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.