São Paulo, segunda, 25 de maio de 1998

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NO AR
O padre

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

O padre Marcelo Rossi diz que acordou para "a necessidade de entrar nos meios de comunicação" ao ver, na Globo, um documentário sobre João Paulo 2º.
Aos 31 anos, este padre de 1m94 e olhos verdes estava ontem, também ele, na Globo. E não era um documentário de fim de noite. Era o Domingão do Faustão.
É o segundo domingo em que ele surge, longamente, no que já se estabeleceu como horário fixo.
O padre é um "fenômeno", como é sempre descrito. Um fenômeno de mídia.
Começou nas missas, que reuniam, de início, dezenas, depois centenas, ultimamente milhares, em estádios.
Há dois anos, entrou nos meios de comunicação. Era a rádio Canção Nova, da Renovação Carismática. Depois, rádio América, também católica, mas a terceira audiência em São Paulo.
Depois, Rede Vida, a TV católica. Depois, Manchete, num programa de domingo como o de Faustão.
Agora, a Globo.
O padre não fala de política, à esquerda ou à direita. Não promete sucesso e não exige, à primeira vista, dinheiro.
Fala vagamente sobre fazer o bem, ter fé etc.
Para a Globo, é um antídoto contra todo "mal", da esquerda católica à concorrência da Igreja Universal.


Não se limita a intervalos comerciais a sinergia das Organizações Globo.
No fim-de-semana, uma nova novela era "alavancada" por Domingão do Faustão, Globo News e telejornais -até Lillian Witte Fibe apresentou "entrevista".
E não é só novela. Um aparelho de ultra-sonografia é destaque, pois "Xuxa já testou". Se não é Xuxa, é a revista "Época". Por aí vai.
É um mundo à parte -que se encerra sobre si mesmo, mais e mais.


E-mail: nelsonsa@uol.com.br



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