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Gerdau diz que teme aumento de impostos
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Há dez anos, o empresário
Jorge Gerdau Johannpeter, 66,
presidente do grupo Gerdau,
defende uma ampla reforma
tributária no país. À frente da
Ação Empresarial, um influente grupo de pressão política
criado por ele e composto de
empresários, ele sempre preferiu atuar nos bastidores.
Hoje, Gerdau vai liderar uma
marcha de 250 empresários em
Brasília para entregar propostas de emendas à reforma tributária aos presidentes da Câmara e do Senado. O empresário quer a garantia do Congresso, por meio de emenda, de que
a reforma tributária não implicará em aumento da carga tributária. "Se a gente não cuida,
eles vão comer todo o dinheiro
desse povo brasileiro", afirmou
Gerdau. A seguir, principais
trechos da entrevista concedida ontem pelo empresário.
Folha - Por que essa manifestação dos empresários contra a
reforma tributária?
Jorge Gerdau Johannpeter
-Nós apoiamos a reforma tributária. O que nos preocupa é
que, embora o governo tenha
sido muito claro no seu compromisso, principalmente do
ministro Antonio Palocci Filho
[Fazenda], de que não haverá
aumento da carga tributária, na
esfera dos Estados essa promessa corre um certo risco.
O problema é que alguns Estados têm alíquotas extremamente elevadas, principalmente nos casos de energia, de
combustível e de telefonia. Nós
entendemos que a gente tem de
achar um modo de limitar essa
perspectiva de outros Estados,
que têm alíquotas mais baixas,
aumentem as alíquotas.
Folha - A reforma irá então
promover um aumento da carga
tributária?
Gerdau - A reforma não prevê
aumento da carga tributária,
mas potencializa, e é exatamente para evitar isso que nós
estamos nos mobilizando. Nós
queremos alertar o Congresso
e a opinião pública sobre esse
risco. Com alíquotas iguais do
ICMS, os Estados que têm alíquota mais elevada não vão
querer baixá-las, e aqueles com
alíquotas mais baixas vão querer elevá-las. Por isso estamos
propondo uma emenda que
garanta que não haja aumento
da carga tributária. Será preciso uma proteção adicional.
Folha - Esse é o único problema
da reforma tributária? Os empresários têm outras reivindicações?
Gerdau - Nós defendemos a
eliminação da cumulatividade
dos impostos e somos contra a
perpetuação da CPMF. A
CPMF deveria entrar num sistema de compensação com outros impostos. Também defendemos que não haja tributação
dos bens de capital destinados
à produção. Em outros lugares
do mundo, quando você compra um equipamento, o IVA
[Imposto sobre Valor Agregado] que você pagou é creditado
sobre o IVA que será recolhido
quando ocorre a venda do produto. Ou seja, gera um crédito.
No Brasil, isso já é feito no PIS,
será feito no Cofins, mas ainda
falta ser feito no IPI e em outros
impostos.
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