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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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Gerdau diz que teme aumento de impostos

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Há dez anos, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, 66, presidente do grupo Gerdau, defende uma ampla reforma tributária no país. À frente da Ação Empresarial, um influente grupo de pressão política criado por ele e composto de empresários, ele sempre preferiu atuar nos bastidores.
Hoje, Gerdau vai liderar uma marcha de 250 empresários em Brasília para entregar propostas de emendas à reforma tributária aos presidentes da Câmara e do Senado. O empresário quer a garantia do Congresso, por meio de emenda, de que a reforma tributária não implicará em aumento da carga tributária. "Se a gente não cuida, eles vão comer todo o dinheiro desse povo brasileiro", afirmou Gerdau. A seguir, principais trechos da entrevista concedida ontem pelo empresário.
 

Folha - Por que essa manifestação dos empresários contra a reforma tributária?
Jorge Gerdau Johannpeter
-Nós apoiamos a reforma tributária. O que nos preocupa é que, embora o governo tenha sido muito claro no seu compromisso, principalmente do ministro Antonio Palocci Filho [Fazenda], de que não haverá aumento da carga tributária, na esfera dos Estados essa promessa corre um certo risco.
O problema é que alguns Estados têm alíquotas extremamente elevadas, principalmente nos casos de energia, de combustível e de telefonia. Nós entendemos que a gente tem de achar um modo de limitar essa perspectiva de outros Estados, que têm alíquotas mais baixas, aumentem as alíquotas.

Folha - A reforma irá então promover um aumento da carga tributária?
Gerdau
- A reforma não prevê aumento da carga tributária, mas potencializa, e é exatamente para evitar isso que nós estamos nos mobilizando. Nós queremos alertar o Congresso e a opinião pública sobre esse risco. Com alíquotas iguais do ICMS, os Estados que têm alíquota mais elevada não vão querer baixá-las, e aqueles com alíquotas mais baixas vão querer elevá-las. Por isso estamos propondo uma emenda que garanta que não haja aumento da carga tributária. Será preciso uma proteção adicional.

Folha - Esse é o único problema da reforma tributária? Os empresários têm outras reivindicações?
Gerdau
- Nós defendemos a eliminação da cumulatividade dos impostos e somos contra a perpetuação da CPMF. A CPMF deveria entrar num sistema de compensação com outros impostos. Também defendemos que não haja tributação dos bens de capital destinados à produção. Em outros lugares do mundo, quando você compra um equipamento, o IVA [Imposto sobre Valor Agregado] que você pagou é creditado sobre o IVA que será recolhido quando ocorre a venda do produto. Ou seja, gera um crédito. No Brasil, isso já é feito no PIS, será feito no Cofins, mas ainda falta ser feito no IPI e em outros impostos.


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