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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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CONGRESSO

Rejeição ao ex-deputado Luiz Salomão para diretoria da agência foi comandada em silêncio por José Sarney

Senado veta indicado de Lula para a ANP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Resultado de uma operação silenciosa comandada pelo presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), o Senado rejeitou, por 40 votos a 23, o nome do ex-deputado Luiz Alfredo Salomão, 57, para a diretoria de fiscalização da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Salomão era uma indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Momentos antes, em discurso na CNI (Confederação Nacional da Indústria), Lula havia dito que nem o Congresso nem o Judiciário conseguiriam obstruir seu trabalho. A indicação de Salomão contou com o aval pessoal de Lula, que foi seu colega no Congresso constituinte.
Os líderes tentaram desvincular a rejeição do discurso presidencial e se declararam "perplexos" com o resultado da votação.
O nome de Luiz Salomão deveria ter sido submetido ao plenário há um mês, mas foi retirado da pauta pelo líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), que detectou "resistências" à indicação. Na Comissão de Infra-Estrutura, o ex-deputado foi aprovado por unanimidade. Ontem, Mercadante deu sinal verde para a votação.
Atordoado com os 40 votos contrários, Mercadante insinuou que por trás da rejeição poderia estar a "máfia dos combustíveis" -"não é uma luta fácil", disse- e criticou o voto secreto: "Ninguém assumiu qualquer crítica. [O voto secreto] Não contribui para a transparência".
Mercadante também deu curso a uma versão segundo a qual o motivo da rejeição seriam episódios ocorridos no Congresso constituinte.
Segundo a Folha apurou, Sarney tomou a iniciativa de derrubar a indicação como forma de vingança por confrontos entre Salomão e dois aliados seus, já mortos: os senadores Alexandre Costa (MA) e Humberto Lucena (PB).
Um dos senadores relatou que, na época da Constituinte, Salomão teve uma discussão forte com Costa no plenário e chegou a tomar o microfone de sua mão.
Senadores do PFL e do PSDB afirmaram que a rejeição a Salomão foi articulada pelo PMDB e que eles, como oposição, se aliaram apenas para dar uma estocada no governo.
O próprio Salomão acredita em retaliação de PMDB, PFL e PSDB. Ele se disse traído pelo líderes pefelista, José Agripino Maia (RN), e tucano, Arthur Virgílio Neto (AM). "Sou um quadro técnico e político. Minha apresentação [na Comissão de Infra-Estrutura], modéstia à parte, foi perfeita."
A indicação de Luiz Salomão para a ANP foi apadrinhada pelo PT-RJ. Salomão é filiado ao partido desde 2001, quando deixou o PSB por não aceitar apoiar a candidatura presidencial de Anthony Garotinho. Seu ato de filiação, no Rio, teve a presença de Lula.


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