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CONGRESSO
Rejeição ao ex-deputado Luiz Salomão para diretoria da agência foi comandada em silêncio por José Sarney
Senado veta indicado de Lula para a ANP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Resultado de uma operação silenciosa comandada pelo presidente do Congresso, José Sarney
(PMDB-AP), o Senado rejeitou,
por 40 votos a 23, o nome do ex-deputado Luiz Alfredo Salomão,
57, para a diretoria de fiscalização
da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Salomão era uma indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Momentos antes, em discurso
na CNI (Confederação Nacional
da Indústria), Lula havia dito que
nem o Congresso nem o Judiciário conseguiriam obstruir seu trabalho. A indicação de Salomão
contou com o aval pessoal de Lula, que foi seu colega no Congresso constituinte.
Os líderes tentaram desvincular
a rejeição do discurso presidencial e se declararam "perplexos"
com o resultado da votação.
O nome de Luiz Salomão deveria ter sido submetido ao plenário
há um mês, mas foi retirado da
pauta pelo líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), que detectou "resistências" à indicação.
Na Comissão de Infra-Estrutura,
o ex-deputado foi aprovado por
unanimidade. Ontem, Mercadante deu sinal verde para a votação.
Atordoado com os 40 votos
contrários, Mercadante insinuou
que por trás da rejeição poderia
estar a "máfia dos combustíveis"
-"não é uma luta fácil", disse-
e criticou o voto secreto: "Ninguém assumiu qualquer crítica.
[O voto secreto] Não contribui
para a transparência".
Mercadante também deu curso
a uma versão segundo a qual o
motivo da rejeição seriam episódios ocorridos no Congresso
constituinte.
Segundo a Folha apurou, Sarney tomou a iniciativa de derrubar a indicação como forma de vingança por confrontos entre Salomão e dois aliados seus, já mortos: os senadores Alexandre Costa
(MA) e Humberto Lucena (PB).
Um dos senadores relatou que,
na época da Constituinte, Salomão teve uma discussão forte
com Costa no plenário e chegou a
tomar o microfone de sua mão.
Senadores do PFL e do PSDB
afirmaram que a rejeição a Salomão foi articulada pelo PMDB e
que eles, como oposição, se aliaram apenas para dar uma estocada no governo.
O próprio Salomão acredita em
retaliação de PMDB, PFL e PSDB.
Ele se disse traído pelo líderes pefelista, José Agripino Maia (RN), e
tucano, Arthur Virgílio Neto
(AM). "Sou um quadro técnico e
político. Minha apresentação [na
Comissão de Infra-Estrutura],
modéstia à parte, foi perfeita."
A indicação de Luiz Salomão
para a ANP foi apadrinhada pelo
PT-RJ. Salomão é filiado ao partido desde 2001, quando deixou o
PSB por não aceitar apoiar a candidatura presidencial de Anthony
Garotinho. Seu ato de filiação, no
Rio, teve a presença de Lula.
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