São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

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SALÁRIO PETISTA

Siglas passam por conflitos por causa de votação do mínimo; Lula diz em NY que senadores votaram pensando em eleições

PFL quer expulsar deputado que votou com governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DE NOVA YORK

Um dia após a votação do salário mínimo na Câmara dos Deputados, partidos passaram a enfrentar conflitos internos. O PFL quer punir dissidentes e expulsar um deputado, o que seria inédito na sigla. O PT optou pela conciliação, mas diz não "abrir mão da unidade de ação". O PPS, rachado entre ser ou não governo, seguiu se engalfinhando.
A Executiva Nacional do PFL se reuniu ontem para analisar a situação de dois deputados que votaram contra os R$ 275 propostos pelo partido e de um deputado que estava ausente. O senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator do processo disciplinar, pediu a expulsão do deputado Lael Varella (PFL-MG). "O partido fechou questão, e ele [Varella] votou contra duas vezes. Isso quer dizer que ele não quer mais ser do partido", disse o vice-presidente do PFL, senador José Jorge (PE).
Depois de ser aprovada pela Câmara, a medida provisória do governo fixando o mínimo em R$ 260 foi derrubada pelo Senado, que aumentou esse valor em R$ 15. Como houve modificação, a matéria voltou para a Câmara, que restabeleceu o valor original.
Em Nova York, também ontem, o presidente Lula disse que houve senadores que votaram por um mínimo de R$ 275 por motivos eleitorais. "Todo mundo sabe que as prefeituras e a Previdência não suportariam um número maior. Mesmo pessoas que não conseguiriam pagar [o valor] maior, por causa da eleição, votam no maior", disse o presidente.
No PFL, Torres defendeu ainda advertência para Cleuber Carneiro (MG), que apoiou o governo na primeira vez e se ausentou anteontem. Foi aberto processo disciplinar contra Clovis Fecury (MA), que votou contra o partido da última vez e não compareceu da primeira.
Após ser complacente com os cinco deputados e três senadores que votaram contra o governo, o PT viu na Câmara esse número subir para nove na segunda votação. O histórico do partido é punir dissidentes, inclusive com expulsão -como no caso dos quatro ""radicais" que votaram contra as reformas em 2003.
"O PT não pode abrir mão da unidade de ação, mas não queremos afastar ninguém. O partido vai tratar disso sem fazer muito barulho", disse o presidente da sigla, José Genoino.
Se expulsasse nove deputados, a bancada do PT ficaria com 80, apenas três a mais que o PMDB. Cabe à maior bancada a indicação do presidente da Câmara.
Já as lideranças do PPS falaram sobre as discussões públicas que ocorreram na sigla. O presidente, deputado Roberto Freire (PE), e o líder da bancada, deputado Júlio Delgado (MG), desautorizaram um ao outro durante a sessão que deliberou sobre o salário mínimo.
Enquanto Delgado liberava a bancada para votar como quisesse e avisava que ele próprio apoiaria o governo, Freire o corrigia no microfone afirmando que o voto deveria ser a favor dos R$ 275.
"Vamos ter que encontrar um "modus vivendi". Ontem [anteontem] não foi um bom momento do PPS", disse Freire. Já Delgado afirma que houve "intolerância". (FERNANDA KRAKOVICS, RANIER BRAGON, RAQUEL ULHÔA E RAFAEL CARIELLO)


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