São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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PMDB inicia ofensiva a favor de Renan

Liderança do partido irá contestar todos os procedimentos adotados no processo disciplinar contra o presidente do Senado

Oposição se articula para evitar movimento, que visa protelar e esvaziar votação de suposta quebra de decoro por Renan Calheiros


RENATA GIRALDI
DA FOLHA ONLINE

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A três semanas do início do recesso do Congresso, os aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), iniciam, nos próximos dias, a estratégia para adiar a votação do processo de quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, apostando que o tempo contará a seu favor.
Na quarta-feira, em reunião do conselho, o vice-líder do PMDB, senador Wellington Salgado (MG), um dos fiéis integrantes da tropa de choque de Renan, vai apresentar um requerimento contestando ponto a ponto todos os procedimentos adotados até agora nesse processo disciplinar.
"A representação do PSOL [pela abertura da investigação no conselho] teve um objetivo específico e o que se percebe agora é que as denúncias geram outros questionamentos", disse Salgado, alegando um suposto desvirtuamento do alvo. Os questionamentos têm o objetivo de atrasar outras medidas que poderiam ser definidas pelo Conselho.
O Congresso ficará em recesso parlamentar de 18 de julho a 1º de agosto. Nesse período, funcionam as CPIs (comissões parlamentares de inquérito) e comissões representativas do Senado e da Câmara -integradas por representantes de todos os partidos nas duas Casas.
Também na quarta-feira, em contrapartida, o PSOL lançará em Brasília a campanha "Basta de Corrupção, Fora Renan", na tentativa de mobilizar a sociedade. Paralelamente, o partido prepara ações para remeter ao Ministério Público Federal e ao STF (Supremo Tribunal Federal), caso o processo contra o peemedebista não tenha continuidade no Senado.
"Há uma manobra protelatória evidente. Como a estratégia de abafar o caso não deu certo, eles [os aliados de Renan] querem agora ganhar tempo para se articular. Vivemos um impasse fabricado", disse o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ).
No Senado, a oposição se articula para desmontar a manobra protelatória. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) é um dos mais críticos da protelação. "Isso serve para desmoralizar o Conselho de Ética e o Senado. Se pensam [os aliados de Renan] em fazer isso, são pessimamente assessorados."

Impasse
Com a desistência de Wellington Salgado e a licença médica do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), o processo de Renan está desde a quarta-feira passada sem relator.
O presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), disse que seria rápido na escolha do novo relator, que deve sair do PMDB. Para o vice-presidente do conselho, Adelmir Santana (DEM-DF), o ideal seria formar uma comissão com três senadores dos principais partidos da Casa para a relatoria.
O advogado de Renan, Eduardo Ferrão, negou a existência da manobra protelatória e afirmou que, por ora, não prepara recursos para apresentar ao STF contestando a legitimidade do processo de quebra de decoro. Ele diz que seu cliente está sendo vítima de "um massacre da mídia".


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