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PMDB inicia ofensiva a favor de Renan
Liderança do partido irá contestar todos os procedimentos adotados no processo disciplinar contra o presidente do Senado
Oposição se articula para evitar movimento, que visa protelar e esvaziar votação de suposta quebra de decoro por Renan Calheiros
RENATA GIRALDI
DA FOLHA ONLINE
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A três semanas do início do
recesso do Congresso, os aliados do presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
iniciam, nos próximos dias, a
estratégia para adiar a votação
do processo de quebra de decoro parlamentar no Conselho de
Ética, apostando que o tempo
contará a seu favor.
Na quarta-feira, em reunião
do conselho, o vice-líder do
PMDB, senador Wellington
Salgado (MG), um dos fiéis integrantes da tropa de choque
de Renan, vai apresentar um
requerimento contestando
ponto a ponto todos os procedimentos adotados até agora nesse processo disciplinar.
"A representação do PSOL
[pela abertura da investigação
no conselho] teve um objetivo
específico e o que se percebe
agora é que as denúncias geram
outros questionamentos", disse Salgado, alegando um suposto desvirtuamento do alvo. Os
questionamentos têm o objetivo de atrasar outras medidas
que poderiam ser definidas pelo Conselho.
O Congresso ficará em recesso parlamentar de 18 de julho a
1º de agosto. Nesse período,
funcionam as CPIs (comissões
parlamentares de inquérito) e
comissões representativas do
Senado e da Câmara -integradas por representantes de todos os partidos nas duas Casas.
Também na quarta-feira, em
contrapartida, o PSOL lançará
em Brasília a campanha "Basta
de Corrupção, Fora Renan", na
tentativa de mobilizar a sociedade. Paralelamente, o partido
prepara ações para remeter ao
Ministério Público Federal e ao
STF (Supremo Tribunal Federal), caso o processo contra o
peemedebista não tenha continuidade no Senado.
"Há uma manobra protelatória evidente. Como a estratégia
de abafar o caso não deu certo,
eles [os aliados de Renan] querem agora ganhar tempo para
se articular. Vivemos um impasse fabricado", disse o líder
do PSOL na Câmara, Chico
Alencar (RJ).
No Senado, a oposição se articula para desmontar a manobra protelatória. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) é um
dos mais críticos da protelação.
"Isso serve para desmoralizar o
Conselho de Ética e o Senado.
Se pensam [os aliados de Renan] em fazer isso, são pessimamente assessorados."
Impasse
Com a desistência de Wellington Salgado e a licença médica do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), o processo de
Renan está desde a quarta-feira
passada sem relator.
O presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), disse que
seria rápido na escolha do novo
relator, que deve sair do PMDB.
Para o vice-presidente do conselho, Adelmir Santana (DEM-DF), o ideal seria formar uma
comissão com três senadores
dos principais partidos da Casa
para a relatoria.
O advogado de Renan,
Eduardo Ferrão, negou a existência da manobra protelatória
e afirmou que, por ora, não prepara recursos para apresentar
ao STF contestando a legitimidade do processo de quebra de
decoro. Ele diz que seu cliente
está sendo vítima de "um massacre da mídia".
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