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Emenda amplia direito a foro privilegiado em MG
Autoridades beneficiadas passam de 3 para 1.981
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
THIAGO GUIMARÃES
COORDENADOR-ASSISTENTE DA AGÊNCIA FOLHA
Emenda a um projeto de lei
aprovada pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais no final do mês passado elevou, em
uma tacada apenas, o foro privilegiado de três para 1.981 autoridades no Estado.
Se antes só três pessoas -o
governador e os presidentes do
Legislativo e do Judiciário-
poderiam ser denunciadas apenas pelo procurador-geral de
Justiça, agora são 1.981 fora da
mira dos promotores. Na PGJ
(Procuradoria Geral de Justiça), falta estrutura para investigar tanta gente. Nesta semana,
o governador Aécio Neves
(PSDB) deverá decidir se veta
ou não a emenda. Os deputados
poderão derrubar o veto.
O privilégio foi ampliado para o vice-governador, advogado-geral do Estado, secretários
de Estado, juízes, desembargadores, membros do Ministério
Público, conselheiros do Tribunal de Contas e deputados.
Para promotores ouvidos pela Folha, a inclusão de promotores e juízes no foro privilegiado é uma tentativa de dar "verniz técnico" a uma manobra
para desviar o foco do iminente
esvaziamento das investigações contra deputados e secretários. Mantida a emenda, os
promotores não poderão apurar, por exemplo, casos de nepotismo parlamentar.
Secretários
Ao menos dois secretários de
Aécio estão sob investigação
dos promotores. Um deles é
Danilo de Castro (Governo),
por ter avalizado, em 2004, empréstimo de R$ 707 mil à SMPB
-agência de publicidade da
qual Marcos Valério, suposto
operador do mensalão, foi sócio. O objetivo é saber se houve
uso eleitoral do dinheiro. Castro diz que apenas atendeu a
um pedido de seu amigo Mauri
Torres (PSDB), líder do governo na Assembléia.
Como Torres era presidente
da Assembléia até 2006, a investigação foi para a PGJ, onde
não avançou. Voltou para os
promotores neste ano. Com a
secretária Eleonora Santa Rosa
(Cultura), promotores querem
saber se há benefício a clientes
de sua empresa de promoção
cultural pela lei estadual de incentivo à cultura. Ela nega.
Deputados usaram projeto
de Aécio sobre a estrutura orgânica da Advocacia Geral do
Estado para incluir a emenda.
Para Jarbas Soares Júnior, procurador-geral de Justiça, ela é
inconstitucional por legislar
sobre matéria de competência
exclusiva da PGJ. O autor da
emenda, Adalclever Lopes, líder do PMDB, diz que é competência também do Legislativo.
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