São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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Sarney agora admite abertura de um inquérito contra Agaciel

VALDO CRUZ
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), admitiu ontem, pela primeira vez, abrir inquérito contra o ex-diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, exonerado em março após 14 anos na função e suspeito de montar um esquema para distribuir favores entre senadores.
A abertura do inquérito, segundo a assessoria de Sarney, depende de a consultoria jurídica da Casa avaliar que há embasamento no pedido apresentado ontem pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Demóstenes suspeita que Agaciel tenha montado um esquema irregular de nomeações para favorecer aliados com base na edição de atos secretos. Segundo ele, os indícios apontam que o ex-diretor, com acesso ao mapa de cargos vagos nos gabinetes, nomeava secretamente seus aliados para os postos. Quando o senador decidia ocupar a vaga, Agaciel demitia o apadrinhado por ato secreto.
"Tenho um caso concreto que se deu no meu gabinete. Outros senadores relatam casos semelhantes. É uma prova suficiente para abrir um inquérito disciplinar e não ficar aguardando o resultado da comissão de sindicância", disse.
O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), reconheceu que o pedido apresenta um caso concreto em que o ex-diretor fez uma nomeação de forma irregular, sem autorização do senador e por meio de ato secreto: "É um caso grave. Demóstenes tem direito de fazer diretamente o pedido, encurtando o processo contra o ex-diretor. Temos de investigar se esse caso não é apenas a ponta do iceberg", disse Heráclito.
Demóstenes suspeita que pessoas foram nomeadas, mas não trabalhavam e emprestavam seus nomes para que outras recebessem o salário. Demóstenes entregou ontem o pedido de abertura de inquérito a Sarney. Caso seja condenado, Agaciel, indicado no passado pelo próprio Sarney para a direção geral, pode ser demitido "a bem do serviço público" e ser proibido de ocupar cargos públicos durante dez anos.
Procurado ontem pela Folha para comentar o pedido de inquérito e as suspeitas do senador, Agaciel não ligou de volta. A subsecretária de Pessoal Comissionado do Senado, Clara Delgado, diz ter provas de que Agaciel mandou esconder atos de nomeação e criação de cargos. Ela contou à comissão de sindicância que alguns atos eram enviados com código para que não fossem publicados nos boletins de pessoal regulares e exibiu atos nos quais, sobre o carimbo "publique-se" era escrito à mão a expressão "no boletim suplementar".
O novo diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, disse ontem que deve fazer mudanças em cargos de diretores. "Mas tudo vai ser submetido ao primeiro-secretário e ao presidente José Sarney". Ele defendeu que o nome do diretor-geral seja aprovado em plenário.


Colaborou ADRIANO CEOLIN , da Sucursal de Brasília


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