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Sarney agora admite abertura de um inquérito contra Agaciel
VALDO CRUZ
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), admitiu
ontem, pela primeira vez, abrir
inquérito contra o ex-diretor-geral da Casa, Agaciel Maia,
exonerado em março após 14
anos na função e suspeito de
montar um esquema para distribuir favores entre senadores.
A abertura do inquérito, segundo a assessoria de Sarney,
depende de a consultoria jurídica da Casa avaliar que há embasamento no pedido apresentado ontem pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Demóstenes suspeita que
Agaciel tenha montado um esquema irregular de nomeações
para favorecer aliados com base na edição de atos secretos.
Segundo ele, os indícios apontam que o ex-diretor, com acesso ao mapa de cargos vagos nos
gabinetes, nomeava secretamente seus aliados para os postos. Quando o senador decidia
ocupar a vaga, Agaciel demitia o
apadrinhado por ato secreto.
"Tenho um caso concreto
que se deu no meu gabinete.
Outros senadores relatam casos semelhantes. É uma prova
suficiente para abrir um inquérito disciplinar e não ficar
aguardando o resultado da comissão de sindicância", disse.
O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), reconheceu que o pedido
apresenta um caso concreto em
que o ex-diretor fez uma nomeação de forma irregular, sem
autorização do senador e por
meio de ato secreto: "É um caso
grave. Demóstenes tem direito
de fazer diretamente o pedido,
encurtando o processo contra o
ex-diretor. Temos de investigar
se esse caso não é apenas a ponta do iceberg", disse Heráclito.
Demóstenes suspeita que
pessoas foram nomeadas, mas
não trabalhavam e emprestavam seus nomes para que outras recebessem o salário.
Demóstenes entregou ontem
o pedido de abertura de inquérito a Sarney. Caso seja condenado, Agaciel, indicado no passado pelo próprio Sarney para a
direção geral, pode ser demitido "a bem do serviço público" e
ser proibido de ocupar cargos
públicos durante dez anos.
Procurado ontem pela Folha
para comentar o pedido de inquérito e as suspeitas do senador, Agaciel não ligou de volta.
A subsecretária de Pessoal
Comissionado do Senado, Clara Delgado, diz ter provas de
que Agaciel mandou esconder
atos de nomeação e criação de
cargos. Ela contou à comissão
de sindicância que alguns atos
eram enviados com código para que não fossem publicados
nos boletins de pessoal regulares e exibiu atos nos quais, sobre o carimbo "publique-se"
era escrito à mão a expressão
"no boletim suplementar".
O novo diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, disse ontem que deve fazer mudanças
em cargos de diretores. "Mas
tudo vai ser submetido ao primeiro-secretário e ao presidente José Sarney". Ele defendeu que o nome do diretor-geral seja aprovado em plenário.
Colaborou ADRIANO CEOLIN , da Sucursal de
Brasília
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