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Funcionária diz ter provas de que ex-diretor mandava esconder atos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A subsecretária de Pessoal
Comissionado do Senado, Clara Delgado, diz ter provas materiais de que o ex-diretor Agaciel da Silva Maia (direção geral) mandou esconder atos de
nomeação e criação de cargos
na Casa. Em depoimento informal à comissão de sindicância
que investigou o caso, ela contou que alguns dos atos eram
enviados com código para que
não fossem publicados nos boletins de pessoal regulares.
A Folha encontrou Clara em
seu local de trabalho. Ela ocupa
uma das salas do 10º andar do
prédio do Senado, onde funciona a Secretaria de Recursos
Humanos. Trata-se do mesmo
andar onde trabalha Franklin
Paes Landim, a principal testemunha de que Agaciel e o ex-diretor João Carlos Zoghbi
(Recursos Humanos) davam
ordens para "guardar" atos.
Em depoimento à comissão
de sindicância, Clara apresentou alguns atos nos quais sobre
o carimbo "publique-se" era escrito à mão a expressão "no boletim suplementar". Clara não
quis dar entrevista à Folha. "Só
vou falar o que eu sei na comissão de sindicância", afirmou.
Na sexta, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
determinou a instalação de
uma comissão de sindicância
específica para apurar o envolvimento de Zoghbi e Agaciel na
produção de atos secretos. Ele
tomou a decisão após uma entrevista de Landim à Folha. O
servidor contou que Agaciel
dava ordens pelo telefone e
Zoghbi, pessoalmente.
Por meio do advogado, Zoghbi disse que recebia ordens de
Agaciel, que não respondeu aos
recados da reportagem.
O testemunho de Clara respalda e acrescenta as declarações do colega, ouvido ontem
pela nova comissão de sindicância. Isso porque ela guardou
cópias dos atos originais que
eram enviados pela direção geral para a Secretaria de Recursos Humanos.
A Folha apurou que Ralph
Siqueira Campos foi exonerado
do cargo de diretor de Recursos
Humanos porque sabia que alguns atos não eram publicados
nos boletins de pessoal.
Ele perdeu a confiança do
primeiro-secretário do Senado,
Heráclito Fortes (DEM-PI),
após declarar ao senador que
não sabia da existência de atos
secretos no inicio do mês passado, quando começaram a
surgir as primeiras denúncias
sobre o caso.
Ralph negou ontem que soubesse da existência dos atos secretos. "Sinceramente, eu nem
fazia ideia disso. Não sabia. Os
boletins já chegavam para mim
dentro de um jornal, dentro de
um processo", disse.
Novo diretor
O novo diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, disse ontem que deverá fazer mudanças
em cargos de diretores. "Mas
tudo vai ser submetido ao primeiro-secretário e ao presidente José Sarney", afirmou. Ele
defendeu que o nome do diretor-geral seja aprovado em plenário e que tenha mandato de
dois anos. (ADRIANO CEOLIN E ANDREZA MATAIS)
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