São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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Funcionária diz ter provas de que ex-diretor mandava esconder atos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A subsecretária de Pessoal Comissionado do Senado, Clara Delgado, diz ter provas materiais de que o ex-diretor Agaciel da Silva Maia (direção geral) mandou esconder atos de nomeação e criação de cargos na Casa. Em depoimento informal à comissão de sindicância que investigou o caso, ela contou que alguns dos atos eram enviados com código para que não fossem publicados nos boletins de pessoal regulares.
A Folha encontrou Clara em seu local de trabalho. Ela ocupa uma das salas do 10º andar do prédio do Senado, onde funciona a Secretaria de Recursos Humanos. Trata-se do mesmo andar onde trabalha Franklin Paes Landim, a principal testemunha de que Agaciel e o ex-diretor João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos) davam ordens para "guardar" atos.
Em depoimento à comissão de sindicância, Clara apresentou alguns atos nos quais sobre o carimbo "publique-se" era escrito à mão a expressão "no boletim suplementar". Clara não quis dar entrevista à Folha. "Só vou falar o que eu sei na comissão de sindicância", afirmou.
Na sexta, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), determinou a instalação de uma comissão de sindicância específica para apurar o envolvimento de Zoghbi e Agaciel na produção de atos secretos. Ele tomou a decisão após uma entrevista de Landim à Folha. O servidor contou que Agaciel dava ordens pelo telefone e Zoghbi, pessoalmente.
Por meio do advogado, Zoghbi disse que recebia ordens de Agaciel, que não respondeu aos recados da reportagem.
O testemunho de Clara respalda e acrescenta as declarações do colega, ouvido ontem pela nova comissão de sindicância. Isso porque ela guardou cópias dos atos originais que eram enviados pela direção geral para a Secretaria de Recursos Humanos.
A Folha apurou que Ralph Siqueira Campos foi exonerado do cargo de diretor de Recursos Humanos porque sabia que alguns atos não eram publicados nos boletins de pessoal.
Ele perdeu a confiança do primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), após declarar ao senador que não sabia da existência de atos secretos no inicio do mês passado, quando começaram a surgir as primeiras denúncias sobre o caso.
Ralph negou ontem que soubesse da existência dos atos secretos. "Sinceramente, eu nem fazia ideia disso. Não sabia. Os boletins já chegavam para mim dentro de um jornal, dentro de um processo", disse.

Novo diretor
O novo diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, disse ontem que deverá fazer mudanças em cargos de diretores. "Mas tudo vai ser submetido ao primeiro-secretário e ao presidente José Sarney", afirmou. Ele defendeu que o nome do diretor-geral seja aprovado em plenário e que tenha mandato de dois anos. (ADRIANO CEOLIN E ANDREZA MATAIS)


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