|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO
Presidente faz crítica indireta a petista durante inauguração em Osasco e compara moeda à seleção brasileira
Lula quer desvalorizar o real, insinua FHC
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
Mesmo sem
citar o nome de
Luiz Inácio Lula
da Silva -seu
principal adversário na disputa
presidencial-,
Fernando Henrique Cardoso insinuou ontem
que o candidato petista pretende
desvalorizar o real, caso seja eleito.
"Quem fica cacarejando aí o que
não sabe, que precisa desvalorizar
(o real), é porque não tem apreço
pelo trabalho", afirmou o presidente, ao inaugurar conjunto habitacional em Osasco (SP).
Seu discurso foi repleto de referências indiretas a Lula. Disse não
compreender o motivo de pessoas
que "pretendem dirigir o país,
aparentemente competentes", criticarem medidas adotadas por ele
em 97, no início da crise asiática.
Confiança no futebol
"Os que pregam as facilidades
não têm noção da realidade brasileira. Não têm sentido de responsabilidade", disse. FHC traçou um
paralelo entre o real e a participação do Brasil na Copa do Mundo.
"Um povo capaz de defender o
Brasil em momento tão difícil, que
apoiou o real com energia, que suportou a taxa de juros, que sofre
com desemprego, mas que está
vendo hoje um horizonte melhor,
vai continuar tendo aquilo que
precisamos, que é a confiança."
"É a mesma confiança que eu
peço hoje, depois que o nosso time
perdeu, para que ele volte a ganhar. Com confiança, nós precisamos de vitória. Vamos ter vitória."
FHC aproveitou sua ida a Osasco
para anunciar um novo programa
para habitação popular, com redução de juros para financiamento da casa própria. A medida é
anunciada a pouco mais de três
meses da eleição de 4 de outubro.
Mas o alvo preferido por FHC foi
mesmo uma suposta desvalorização defendida por Lula. "Quem
vive pedindo para desvalorizar a
moeda não diz ao povo que, na
mesma proporção em que a moeda desvaloriza, diminui o salário."
Para FHC, quem defende a desvalorização "fica pensando na exportação", mas esquece que o
"trabalhador é quem vai pagar o
preço de uma maior exportação,
não à custa da melhoria da produtividade, mas da desvalorização".
Desde a implantação do real, em
julho de 1994, o real sofreu desvalorização nominal (sem contar a
inflação) de 15,5%. Mas FHC jurou manter a moeda como ela está. "Não vamos desvalorizar moeda nenhuma, porque o Brasil preza o trabalhador, preza o salário."
Financiado pela Caixa Econômica Federal, o conjunto habitacional inaugurado por FHC tem parte
habitada desde o final de 97. São
37 prédios. Já foram concluídos
304 apartamentos -outros 142
ainda vão ser construídos.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|