São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

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SUCESSÃO
Presidente faz crítica indireta a petista durante inauguração em Osasco e compara moeda à seleção brasileira
Lula quer desvalorizar o real, insinua FHC

EMANUEL NERI
da Reportagem Local

Mesmo sem citar o nome de Luiz Inácio Lula da Silva -seu principal adversário na disputa presidencial-, Fernando Henrique Cardoso insinuou ontem que o candidato petista pretende desvalorizar o real, caso seja eleito.
"Quem fica cacarejando aí o que não sabe, que precisa desvalorizar (o real), é porque não tem apreço pelo trabalho", afirmou o presidente, ao inaugurar conjunto habitacional em Osasco (SP).
Seu discurso foi repleto de referências indiretas a Lula. Disse não compreender o motivo de pessoas que "pretendem dirigir o país, aparentemente competentes", criticarem medidas adotadas por ele em 97, no início da crise asiática.

Confiança no futebol
"Os que pregam as facilidades não têm noção da realidade brasileira. Não têm sentido de responsabilidade", disse. FHC traçou um paralelo entre o real e a participação do Brasil na Copa do Mundo.
"Um povo capaz de defender o Brasil em momento tão difícil, que apoiou o real com energia, que suportou a taxa de juros, que sofre com desemprego, mas que está vendo hoje um horizonte melhor, vai continuar tendo aquilo que precisamos, que é a confiança."
"É a mesma confiança que eu peço hoje, depois que o nosso time perdeu, para que ele volte a ganhar. Com confiança, nós precisamos de vitória. Vamos ter vitória."
FHC aproveitou sua ida a Osasco para anunciar um novo programa para habitação popular, com redução de juros para financiamento da casa própria. A medida é anunciada a pouco mais de três meses da eleição de 4 de outubro.
Mas o alvo preferido por FHC foi mesmo uma suposta desvalorização defendida por Lula. "Quem vive pedindo para desvalorizar a moeda não diz ao povo que, na mesma proporção em que a moeda desvaloriza, diminui o salário."
Para FHC, quem defende a desvalorização "fica pensando na exportação", mas esquece que o "trabalhador é quem vai pagar o preço de uma maior exportação, não à custa da melhoria da produtividade, mas da desvalorização".
Desde a implantação do real, em julho de 1994, o real sofreu desvalorização nominal (sem contar a inflação) de 15,5%. Mas FHC jurou manter a moeda como ela está. "Não vamos desvalorizar moeda nenhuma, porque o Brasil preza o trabalhador, preza o salário."
Financiado pela Caixa Econômica Federal, o conjunto habitacional inaugurado por FHC tem parte habitada desde o final de 97. São 37 prédios. Já foram concluídos 304 apartamentos -outros 142 ainda vão ser construídos.



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