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Fraga defende "regulação" sem tabelamento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes de o governo anunciar
que poderia controlar o preço do
gás de cozinha, o Banco Central
chegou a prever que os reajustes
do produto neste ano poderiam
atingir 42%.
A previsão deve ser uma das
principais causas do aumento da
inflação neste ano, de acordo com
a ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC)
da semana passada.
Pouco depois de divulgado o
documento, o presidente do BC,
Armínio Fraga, disse que a equipe
econômica estuda mudanças na
metodologia usada para fixar os
reajustes do produto. Ele disse
que os estudos se referem especificamente ao preço do gás de cozinha, mas que "podem ser estendidos para outros preços".
Além do gás de cozinha, a gasolina é outro produto cuja metodologia de reajuste vem sendo criticada. Um dos principais críticos é
o candidato do governo à Presidência, José Serra.
Ontem, Armínio negou que
uma eventual mudança na política de reajustes seja decidida por
causa de pressões feitas por Serra.
"Isso é uma iniciativa nossa, da
equipe econômica", afirmou.
O presidente do BC afirmou,
porém, ser contra o tabelamento
dos preços. "Tabelamento, em geral, não funciona. Mas algum tipo
de regulação pode ser necessária."
O preço do gás de cozinha era
subsidiado pelo governo e tinha
seus preços controlados. Neste
ano, foi promovida uma mudança nesse mecanismo: o subsídio
deixou de ser oferecido, e os preços foram liberados. Atualmente,
questiona-se essa liberação com o
argumento de que não há concorrência suficiente que impeça a
prática de reajustes abusivos.
Até o mês passado, o BC esperava que o reajuste no preço do gás
de cozinha ficasse em 28% neste
ano. A revisão foi feita por causa
dos aumentos já ocorridos até
agora. Entre janeiro e junho, o
preço do produto subiu 32%.
Inflação maior
Segundo o BC, os novos reajustes previstos para este mês devem
fazer com que a inflação de julho
seja a maior do ano. Nas contas
do governo, os aumentos dos preços administrados pelo governo
-que incluem tarifas públicas e
preços dos combustíveis- irão
subir 8,9% neste ano.
O aumento da inflação pode dificultar a redução da taxa de juros,
que hoje está em 18% ao ano.
Quando os preços praticados na
economia sobem, o BC pode elevar -ou, pelo menos, deixar de
reduzir- os juros.
A manutenção dos juros em níveis elevados desestimula as empresas a investir e as pessoas a
consumir. Ou seja, a economia
cresce menos, a renda da população não cresce e o desemprego
aumenta -fatores indesejáveis
num ano de eleições.
(NEY HAYASHI DA CRUZ)
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