São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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Fraga defende "regulação" sem tabelamento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antes de o governo anunciar que poderia controlar o preço do gás de cozinha, o Banco Central chegou a prever que os reajustes do produto neste ano poderiam atingir 42%.
A previsão deve ser uma das principais causas do aumento da inflação neste ano, de acordo com a ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) da semana passada.
Pouco depois de divulgado o documento, o presidente do BC, Armínio Fraga, disse que a equipe econômica estuda mudanças na metodologia usada para fixar os reajustes do produto. Ele disse que os estudos se referem especificamente ao preço do gás de cozinha, mas que "podem ser estendidos para outros preços".
Além do gás de cozinha, a gasolina é outro produto cuja metodologia de reajuste vem sendo criticada. Um dos principais críticos é o candidato do governo à Presidência, José Serra.
Ontem, Armínio negou que uma eventual mudança na política de reajustes seja decidida por causa de pressões feitas por Serra. "Isso é uma iniciativa nossa, da equipe econômica", afirmou.
O presidente do BC afirmou, porém, ser contra o tabelamento dos preços. "Tabelamento, em geral, não funciona. Mas algum tipo de regulação pode ser necessária."
O preço do gás de cozinha era subsidiado pelo governo e tinha seus preços controlados. Neste ano, foi promovida uma mudança nesse mecanismo: o subsídio deixou de ser oferecido, e os preços foram liberados. Atualmente, questiona-se essa liberação com o argumento de que não há concorrência suficiente que impeça a prática de reajustes abusivos.
Até o mês passado, o BC esperava que o reajuste no preço do gás de cozinha ficasse em 28% neste ano. A revisão foi feita por causa dos aumentos já ocorridos até agora. Entre janeiro e junho, o preço do produto subiu 32%.

Inflação maior
Segundo o BC, os novos reajustes previstos para este mês devem fazer com que a inflação de julho seja a maior do ano. Nas contas do governo, os aumentos dos preços administrados pelo governo -que incluem tarifas públicas e preços dos combustíveis- irão subir 8,9% neste ano.
O aumento da inflação pode dificultar a redução da taxa de juros, que hoje está em 18% ao ano. Quando os preços praticados na economia sobem, o BC pode elevar -ou, pelo menos, deixar de reduzir- os juros.
A manutenção dos juros em níveis elevados desestimula as empresas a investir e as pessoas a consumir. Ou seja, a economia cresce menos, a renda da população não cresce e o desemprego aumenta -fatores indesejáveis num ano de eleições.
(NEY HAYASHI DA CRUZ)


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