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Controle de preços é erro grave, diz especialista
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O especialista em energia Adriano Pires Rodrigues, da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro), afirmou que
"o governo vai cometer um erro
gravíssimo" se confirmar sua intenção de restabelecer algum tipo
de controle sobre os preços dos
combustíveis.
"Vamos acabar com a credibilidade do país perante os investidores privados no setor petróleo",
disse Rodrigues, que também é
consultor de empresas.
"O que precisa ser investigado é
se a Petrobras está praticando
preços monopolistas. Se estiver,
ela deve ser punida", afirmou.
Para o analista, no caso de o governo realmente intervir na política de preços da estatal, estabelecendo algum tipo de controle, os
acionistas minoritários da Petrobras poderão entrar na Justiça, argumentando que o governo está
passando por cima da lei.
Isso porque a lei 9.498/97 (Lei
do Petróleo), no seu artigo 61, parágrafo primeiro, diz que as atividades da Petrobras na indústria
do petróleo serão desenvolvidas
"em caráter de livre competição
com outras empresas, em função
das condições de mercado, observado o período de transição previsto no capítulo 10 e os demais
princípios e diretrizes desta Lei".
Liberalização
O período de transição terminou no dia 1º de janeiro deste ano,
quando o governo autorizou a liberalização total do mercado de
combustíveis.
O presidente da Fecombustíveis, a federação dos postos de
abastecimento, Gil Siuffo, disse
que, para ele, a intenção do governo é atingir apenas a Petrobras,
que estaria agindo como monopolista, sem intervir nos preços
praticados pelas distribuidoras e
postos de combustíveis, que também estão liberados.
"O que espero é que não queiram transformar a ANP [Agência
Nacional do Petróleo" em um Sunabão [referência à Sunab, antigo
órgão do sistema de controle de
preços". Que não venham novamente procurar boi no pasto [referência a ações do governo em
1986, durante o Plano Cruzado,
na tentativa de evitar o desaparecimento da carne no mercado por
causa do tabelamento do preço"",
disse Siuffo.
A assessoria de imprensa do
Sindigás, o sindicato nacional das
empresas distribuidoras de gás de
cozinha, informou ontem à tarde
que os empresários do setor ainda
estavam avaliando a declaração
do presidente Fernando Henrique Cardoso.
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