São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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CAMPANHA

Cobrados a participar mais da campanha, administradores reclamaram de falta de verbas para Estados

Serra reúne governadores para reagir a Ciro

RAQUEL ULHÔA
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidenciável tucano José Serra deu ontem uma demonstração de força ao conseguir reunir 15 dos 19 governadores aliados do Palácio do Planalto, mas constatou que sua campanha ainda precisa de muitos ajustes para deslanchar nos Estados.
Dos 15 governadores presentes, seis eram do PSDB (Pará, Goiás, São Paulo, Sergipe, Ceará e Mato Grosso), cinco do PFL (Rondônia, Paraná, Roraima, Tocantins e Piauí), dois do PMDB (Pernambuco e Distrito Federal) e dois pertencem ao PPB (Rio Grande do Norte e Santa Catarina).
Convocados a se empenhar mais na campanha, os governadores também fizeram cobranças. Jarbas Vasconcelos (PE), por exemplo, se queixou da extinção da Sudene; Albano Franco (SE) criticou a transposição das águas do Rio São Francisco.
Serra já prometeu refazer a Sudene. Mas tem um projeto próprio para a transposição do São Francisco. Houve ainda reclamações de falta de liberação de verbas do Orçamento destinadas a obras nos Estados.
Esperava-se um clima de caça às bruxas, a busca de "um bode expiatório" para a queda de Serra nas pesquisas, como afirmou Jarbas. Houve apenas uma: o goiano Marconi Perillo (PSDB) acusou colegas de omissão:
"Quando candidatos enfrentam dificuldades, é natural que políticos se acovardem", disse. Num tom mais ameno, José Aníbal fez um apelo para que todos se empenhassem mais.
O governador do Rio Grande do Norte demonstrou insatisfação com os rumos da campanha. Julga que Serra nada fez até agora para eliminar as divergências regionais entre os aliados. Ameaça até abandonar o barco do tucano.
Sorrindo, Beni Veras, o sucessor de Tasso Jereissati no governo cearense, nada disse durante a reunião. À saída, tinha apenas duas palavras e um sorriso ao ser questionado se apoiaria Serra no Estado: "Eu apóio, eu apóio!"
Serra destacou a presença de "mais da metade dos governadores" à reunião: "Isso vai se traduzir não só no peso do horário eleitoral, mas numa campanha muito forte em todo o Brasil", comemorou o candidato.
Serra voltou a dizer que a política social terá prioridade em seu governo e a falar de reforma tributária, mas, pela primeira vez, declarou que a reforma política terá prioridade em seu eventual governo. "Inclusive com a mudança do sistema eleitoral, na direção do voto distrital misto e da fidelidade partidária." Mais tarde, acrescentou o financiamento público de campanha.
Campanha e governadores concordaram que, na eleição de 2002, a estrutura partidária e a máquina governamental terão mais peso do que na eleição de 1989, que elegeu Fernando Collor de Mello. Isso porque o eleitor será chamado a votar desde o deputado estadual até o presidente.
Conclusão: a campanha de Serra deve ser vinculada à de todos os candidatos da aliança. Ficou decidido também a realização de um "Dia D", sugerido por Geraldo Alckmin para dar o "start" (partida) na campanha em todos os municípios brasileiros. O mais provável é que a campanha reúna prefeitos e representantes das cem maiores cidades.
O nome Ciro Gomes pairava no ar o tempo todo, mas foi citado uma única vez, quando o publicitário Nizan Guanaes fez uma exposição sobre a vantagem que Serra terá no horário eleitoral.
Dos 19 governadores da base de apoio inicial de FHC, faltaram os da Bahia, Maranhão, Paraíba e o do Amazonas.
A nota de bom humor ficou por conta de Amin, que teve de sair antes e deixou em seu lugar o deputado Hugo Biehl: "Pelo menos teremos cabelo à mesa", disse.
Serra, que é calvo (Amin é inteiramente careca), não perdeu a deixa: "Em compensação, você tem uma vantagem: não tem cabelo branco".


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