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CAMPANHA
Cobrados a participar mais da campanha, administradores reclamaram de falta de verbas para Estados
Serra reúne governadores para reagir a Ciro
RAQUEL ULHÔA
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidenciável tucano José
Serra deu ontem uma demonstração de força ao conseguir reunir
15 dos 19 governadores aliados do
Palácio do Planalto, mas constatou que sua campanha ainda precisa de muitos ajustes para deslanchar nos Estados.
Dos 15 governadores presentes,
seis eram do PSDB (Pará, Goiás,
São Paulo, Sergipe, Ceará e Mato
Grosso), cinco do PFL (Rondônia,
Paraná, Roraima, Tocantins e
Piauí), dois do PMDB (Pernambuco e Distrito Federal) e dois
pertencem ao PPB (Rio Grande
do Norte e Santa Catarina).
Convocados a se empenhar
mais na campanha, os governadores também fizeram cobranças.
Jarbas Vasconcelos (PE), por
exemplo, se queixou da extinção
da Sudene; Albano Franco (SE)
criticou a transposição das águas
do Rio São Francisco.
Serra já prometeu refazer a Sudene. Mas tem um projeto próprio para a transposição do São
Francisco. Houve ainda reclamações de falta de liberação de verbas do Orçamento destinadas a
obras nos Estados.
Esperava-se um clima de caça às
bruxas, a busca de "um bode expiatório" para a queda de Serra
nas pesquisas, como afirmou Jarbas. Houve apenas uma: o goiano
Marconi Perillo (PSDB) acusou
colegas de omissão:
"Quando candidatos enfrentam
dificuldades, é natural que políticos se acovardem", disse. Num
tom mais ameno, José Aníbal fez
um apelo para que todos se empenhassem mais.
O governador do Rio Grande do
Norte demonstrou insatisfação
com os rumos da campanha. Julga que Serra nada fez até agora
para eliminar as divergências regionais entre os aliados. Ameaça
até abandonar o barco do tucano.
Sorrindo, Beni Veras, o sucessor
de Tasso Jereissati no governo
cearense, nada disse durante a
reunião. À saída, tinha apenas
duas palavras e um sorriso ao ser
questionado se apoiaria Serra no
Estado: "Eu apóio, eu apóio!"
Serra destacou a presença de
"mais da metade dos governadores" à reunião: "Isso vai se traduzir não só no peso do horário eleitoral, mas numa campanha muito
forte em todo o Brasil", comemorou o candidato.
Serra voltou a dizer que a política social terá prioridade em seu
governo e a falar de reforma tributária, mas, pela primeira vez,
declarou que a reforma política
terá prioridade em seu eventual
governo. "Inclusive com a mudança do sistema eleitoral, na direção do voto distrital misto e da
fidelidade partidária." Mais tarde,
acrescentou o financiamento público de campanha.
Campanha e governadores concordaram que, na eleição de 2002,
a estrutura partidária e a máquina
governamental terão mais peso
do que na eleição de 1989, que elegeu Fernando Collor de Mello. Isso porque o eleitor será chamado
a votar desde o deputado estadual
até o presidente.
Conclusão: a campanha de Serra deve ser vinculada à de todos os
candidatos da aliança. Ficou decidido também a realização de um
"Dia D", sugerido por Geraldo
Alckmin para dar o "start" (partida) na campanha em todos os
municípios brasileiros. O mais
provável é que a campanha reúna
prefeitos e representantes das
cem maiores cidades.
O nome Ciro Gomes pairava no
ar o tempo todo, mas foi citado
uma única vez, quando o publicitário Nizan Guanaes fez uma exposição sobre a vantagem que
Serra terá no horário eleitoral.
Dos 19 governadores da base de
apoio inicial de FHC, faltaram os
da Bahia, Maranhão, Paraíba e o
do Amazonas.
A nota de bom humor ficou por
conta de Amin, que teve de sair
antes e deixou em seu lugar o deputado Hugo Biehl: "Pelo menos
teremos cabelo à mesa", disse.
Serra, que é calvo (Amin é inteiramente careca), não perdeu a
deixa: "Em compensação, você
tem uma vantagem: não tem cabelo branco".
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