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CAMPANHA
Petista, que perdeu 11 pontos na região Sul, reúne 10 mil em Porto Alegre e tenta reagir ao desgaste do governo Olívio
Ex-vitrine, PT gaúcho vira entrave para Lula
XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A IJUÍ
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O Rio Grande do Sul, principal
vitrine administrativa do PT, se
transformou num poço de problemas para a quarta tentativa de
Luiz Inácio Lula da Silva de chegar à Presidência. O forte desgaste
do governo local, acossado por
acusações que vão de inépcia na
área econômica a envolvimento
com bicheiros, já se reflete na posição de Lula e do candidato petista a governador, Tarso Genro.
Por causa desse cenário negativo, o candidato petista, que venceu a eleição no Estado em 89, 94 e
98, fez ontem na universidade regional de Ijuí, no interior, a primeira apresentação regional do
seu programa de governo, lançado anteontem em Brasília.
A mais recente pesquisa do Datafolha já indicara queda de 11
pontos de Lula na região Sul em
relação à pesquisa anterior. A
mesma consulta mostrou que o
Norte e o Nordeste têm sustentado a liderança do petista.
Na semana passada, o instituto
de pesquisa Cepa, da UFRGS
(Universidade Federal do Rio
Grande do Sul), mostrou que Lula
baixou de 35,2% entre os dias 11 e
12 de julho para 28,4% entre 15 e
18 de julho no Estado. O candidato do PPS, Ciro Gomes, subiu de
14,5% para 27,7%.
Empolgado pelo coro "ucho,
ucho, ucho, o Lula é gaúcho", que
simboliza as vitórias anteriores, o
petista disse ontem à tarde, em
comício na praça central de Ijuí,
que confia na "consciência política" da região para vencer.
"Vamos perguntar quanto dinheiro saiu do governo de Antônio Britto (candidato do PPS à sucessão estadual) e quanto saiu do
governo de Olívio Dutra (PT) para o pequeno produtor rural. Depois vamos esfregar na cara do
Antônio Britto e mostrar como o
governo do PT foi superior", discursou Lula na tentativa de alavancar a candidatura de Tarso,
que o acompanhava no palanque.
Tarso, segundo a mesma pesquisa da UFRGS, foi superado por
Britto, que tem 38,8% contra
31,7% do petista. "A disputa vai
ser acirrada até o dia da eleição, é
natural, mas o trabalho do PT nos
credencia para a vitória", disse o
candidato petista ao governo estadual à Folha, minutos depois de
Olívio noticiar que o Banrisul, o
banco do Estado, liberou R$ 12,6
milhões para cooperativas de
agricultores da região.
No campo econômico, o governo priorizou pequenos e médios
empresários e agricultores, mas
foi criticado por sua visão macroeconômica -a perda da fábrica Ford para a Bahia sendo a
maior vidraça. Em debate em Ijuí
com estudantes, empresários e
agricultores, Lula tentou mostrar
preocupação com os grandes negócios. "São importantes para a
política de exportação", disse.
Defendeu também os subsídios
para a agricultura. "A princípio
somos contra essa política de subsídios, mas não podemos deixar a
União Européia incentivar a sua
agricultura, os EUA incentivar a
agricultura, enquanto nossos
agricultores ficam sem poder de
competição."
Lula lembrou, durante o comício, das dificuldades enfrentadas
por Olívio Dutra na área política.
"Precisamos eleger uma grande
bancada estadual", discursou. O
governador assumiu com 19 deputados contra 36 da oposição.
Em vez de negociar acordos para
aprovar projetos, brigou com o
PDT (sete deputados) e ficou com
apenas 12 (11 do PT e um do PC do
B); em minoria, não conseguiu
aprovar projetos estratégicos.
Além disso, o próprio PT rachou: numa dura disputa interna,
Tarso bateu Olívio nas prévias para ser candidato, o que levantou
dúvidas sobre como o partido vai
defender sua administração na
campanha, já que o próprio governador não teve respaldo para
tentar seguir no cargo.
Ainda houve uma CPI que acusou o governo de vínculos com o
jogo do bicho, o que Olívio nega;
surgiram contestações na área da
segurança; e uma situação delicada em relação aos sem-terra, que
têm fortes aliados no poder e realizaram várias invasões sob o
olhar tolerante da Brigada Militar.
""Não acredito que eventual desgaste do governo esteja provocando a queda do Lula. O crescimento de Ciro é inconsistente", disse o
vice-presidente regional do PT,
Paulo Ferreira, coordenador da
campanha de Lula no Estado.
No fim da tarde, Lula fez uma
caminhada em Porto Alegre, concentrando segundo a Brigada Militar (a PM local) cerca de 10 mil
manifestantes.
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