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JANIO DE FREITAS
Sem resposta
As respostas do brigadeiro Marcos Antônio de Oliveira foram mais do que inconvincentes, nos dois principais
pontos do pequeno questionário
da Folha sobre comprometedoras referências a seu nome em
documentos oficiais americanos,
relativos à concorrência viciada
para o Sistema de Vigilância da
Amazônia.
Por sua vez, a reação de Fernando Henrique Cardoso foi típica das situações em que se sente questionado e sem resposta:
insulta. Como os "neoburros" e
outras manifestações do gênero,
o comentário sobre os documentos publicados na Folha é de se
tratar de "intriga" e "infâmia",
porque a "concorrência foi limpa".
Intriga e infâmia de quem e
contra quem? Os documentos
são do governo dos Estados Unidos e foram entregues a Marcio
Aith, da Folha, por entidades do
governo dos Estados Unidos.
Contêm mensagens do embaixador e de outros diplomatas dos
Estados Unidos. Se o teor desses
documentos foi inverdadeiro no
todo ou em parte, consistindo em
"intriga e infâmia", Fernando
Henrique Cardoso tem o dever
presidencial de fazer uma representação dirigida ao governo dos
Estados Unidos e, outra, contra
aqueles diplomatas, inclusive judicialmente.
Em suas respostas por escrito, o
brigadeiro Marcos Antônio de
Oliveira, hoje chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, tem uma
frase que se pode subscrever: "Isso é muito grave". Está na resposta em que nega haver oferecido aos Estados Unidos o acesso
ás informações obtidas pelo Sivam.
Sua oferta está registrada, porém, em memorando do então
embaixador americano no Brasil, Melvin Levitsky: "[O brigadeiro" Oliveira também afirmou
claramente que as informações
geradas pelo Sivam podem ser
compartilhadas com o governo
americano".
Compreende-se que o brigadeiro Oliveira negue tal afirmação.
Mas por que haveria um embaixador de inventá-la e transmiti-la ao Departamento de Estado,
com todas as implicações de responsabilidade pelo seu ato? Observe-se que ainda ressaltou haver o brigadeiro feito a oferta
"claramente".
O outro ponto principal, entre
as referências ao seu nome nos
documentos do governo americano, também recebeu do brigadeiro Oliveira as compreensíveis
respostas negativas. Não, não recebeu de diplomata americano o
rascunho de uma carta a ser assinada por autoridade brasileira
nem entregou a diplomata americano a cópia de um documento
confidencial do governo brasileiro.
Comunicado do cônsul David Zweifel ao Departamento
de Estado inclui-se no caso já citado do embaixador, neste trecho: "A conselheira comercial
Pribyl apresentou ao brigadeiro
Oliveira a sugestão de um rascunho (...)"; Oliveira "forneceu a
Pribyl o teor de um memorando
"confidencial" que enviara ao ministro dos assuntos estratégicos,
Flores".
Por que haveria um cônsul de
inventar e transmitir ao Departamento de Estado esses pormenores excessivos, com todas as
implicações de responsabilidade
pelo seu ato?
P.S. - Aqui citado ontem, o telefonema dado por Fernando
Henrique Cardoso para Bill
Clinton, então presidente, foi em
seguida ao ato de assinatura do
contrato com a Raytheon, beneficiária das graves ilegalidades e
imoralidades que os documentos
do governo americano comprovam.
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