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CAIXA DOIS
Cassio Taniguchi havia sido indiciado sob acusação de crime eleitoral
Indiciamento de prefeito é suspenso
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O juiz relator do TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) do Paraná, Jaime Stivelberg, suspendeu ontem
à noite o indiciamento do prefeito
de Curitiba, Cassio Taniguchi
(PFL), que está sob acusação de
crime eleitoral. O prefeito havia
sido indiciado pelo delegado da
Polícia Federal Hugo Corrêa Martins no inquérito que apurou denúncias de caixa dois na campanha que o reelegeu, em 2000.
A decisão de Stivelberg reafirma
a liminar a um habeas corpus que
havia concedido à defesa do prefeito anteontem. E determina que
os autos sejam transferidos da 1ª
Zona Eleitoral (primeira instância) para o TRE (segunda).
Stivelberg atendeu a um novo
recurso dos advogados de Taniguchi, protocolado na manhã de
ontem. A defesa argumentou que,
por se tratar de prefeito, Taniguchi tem foro privilegiado. Com a
decisão, o caso passa à análise da
Procuradoria Eleitoral.
No início da tarde, o juiz substituto da 1ª Zona Eleitoral de Curitiba, Jorge de Oliveira Vargas, tinha
confirmado como válido o indiciamento. Segundo o juiz, a liminar suspendendo o indiciamento
teria "perdido o efeito", mas a
prefeitura recorreu ao TRE.
O delegado da PF tinha indiciado o prefeito ao considerá-lo o
único responsável pela prestação
de contas da campanha de 2000.
O prefeito havia pedido três adiamentos de seu depoimento e acabou indiciado sem ser ouvido.
Depois de uma solenidade pública, na manhã de ontem, o prefeito se disse "constrangido" por
ter sido indiciado sem ter sido ouvido. "Soube [do indiciamento"
pelos meios de comunicação. Isso
mostra que a decisão tem cunho
essencialmente político." Taniguchi classificou o ato da PF de
"mais uma armação de natureza
política". O delegado da PF não
foi localizado para comentar a decisão do juiz do TRE.
A Agência Folha apurou que a
investigação da PF conseguiu
provar omissão de gastos de R$
1,1 milhão nas contas prestadas
pelo comitê financeiro de Taniguchi à Justiça Eleitoral. A contabilidade paralela movimentou R$
29,8 milhões, segundo revelou a
Folha em 2001. Foram declarados
oficialmente R$ 3,1 milhões.
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