UOL

São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO

Durante visita a Itajaí, presidente critica ortodoxia de organismos internacionais; servidores protestam contra reforma

Presidente ataca lógica financeira "estreita"

PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A ITAJAÍ (SC)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou ontem de "lógica estreita" as recomendações econômicas dos organismos financeiros internacionais, numa critica velada à ortodoxia exigida por entidades como o Fundo Monetário Internacional.
"O investimento público não ficará congelado neste governo. A infra-estrutura nacional não será comprometida. O apagão que aconteceu no setor elétrico não se repetirá", declarou.
"Esse desperdício não serve a ninguém. É fruto de uma lógica financeira tão estreita que dentro dela não cabe uma nação. A verdade é que certos critérios de contingenciamento [retenção de recursos do Orçamento para assegurar superávit fiscal] recomendados por organismos internacionais inviabilizam a própria consistência macroeconômica que tanto se persegue", afirmou.
Lula participou de solenidade de lançamento de um navio em Itajaí, no litoral de Santa Catarina, produzido por um estaleiro local. O presidente afirmou que o Metaltanque 6 era o único em produção em todo o país e lembrou que a indústria naval brasileira empregava 40 mil pessoas nos anos 60 -28 mil a mais do que hoje.
A causa da redução do total de empregos na indústria naval, na sua avaliação, está na gerência da política macroeconômica.
"A destruição da economia nacional não pode ser confundida com eficiência. Ela gera perdas tão ou mais explosivas do que o protecionismo cego, e não apenas na esfera financeira, mas principalmente na delicada contabilidade social", afirmou.
Lula declarou que, até 2007, a Petrobras irá comprar 12 embarcações para renovar sua frota, dando exemplo de como o setor deve ser estimulado. O presidente citou uma promessa de campanha para dizer que está compromissado com a indústria naval.
"A imprensa fez uma polêmica na campanha quando eu dizia que as plataformas da Petrobras tinham de ser construídas no Brasil. Disseram que era quebra de contrato, que era impossível. Quero anunciar que 65% das plataformas P-51 e P-52 serão construídos no Brasil. E na próxima plataforma esse índice deve chegar a 70%."
No dia seguinte ao anúncio do desemprego recorde na região metropolitana de São Paulo, Lula afirmou que o país não pode se prender a "fatalismos".

Protesto
A PM de Santa Catarina entrou em confronto com cerca de 300 servidores que protestavam contra a reforma da Previdência, numa das ruas de acesso ao estaleiro visitado por Lula.
Quatro pessoas foram detidas e, depois, liberadas. Houve empurra-empurra e troca de socos e pontapés entre manifestantes e policiais. O presidente, que chegou e saiu do estaleiro de helicóptero, não viu o protesto.


Texto Anterior: Pesquisa: No Brasil, 38% crêem na piora do padrão de vida com aposentadoria
Próximo Texto: Frase
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.