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REFORMA
Relator realiza a 1ª mudança na Previdência
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após aprovar a reforma
da Previdência sem modificações
na comissão especial da Câmara
dos Deputados, o governo autorizou ontem a primeira mudança
nesta fase da tramitação, na questão dos fundos de Previdência
complementar, e já negociava outros pontos polêmicos, como o
que trata das pensões e do subteto
salarial do Judiciário nos Estados.
A modificação decidida ontem
é uma sugestão do PSDB, partido
de oposição, e foi anunciada pelo
relator da reforma, José Pimentel
(PT-CE). Ele vai incluir no seu parecer a determinação de que os
fundos de pensão complementar
de Estados e municípios sigam as
diretrizes do fundo federal, que
será criado por lei complementar
após a aprovação da reforma.
Os fundos complementares são
previstos na reforma como forma
de oferecer, mediante contribuição extra, opção de recebimento
de uma aposentadoria acima do
teto do regime geral -R$ 2.400.
"O objetivo é criar regras nacionais que disciplinem a Previdência complementar nos Estados e
evitem a adoção de regras e benefícios variados", afirmou o relator. Segundo ele, a alteração tem a
concordância do governo e dos líderes de todos os partidos. O governo não quis adiantar detalhes.
Esse e outros pontos foram tratados pelo ministro-chefe da Casa
Civil, José Dirceu, que se reuniu
ontem com a liderança do governo na Câmara. Pelo acordo preliminar firmado no encontro, o
texto já deve ir para votação em
primeiro turno na Câmara no
próximo dia 5.
Também na reunião, uma outra
possível modificação foi discutida: o subteto salarial dos juízes
nos Estados, fixado pela proposta
em 75% do salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal,
pode ser alterado devido à pressão do Judiciário. Parte do Poder
ameaça entrar em greve no dia 5
de agosto, data da votação.
Engrossam o coro dos juízes o
PTB e o PL, partidos da base aliada. "O PL sempre defendeu o Judiciário, não é surpresa para o governo, pois deixamos isso bem
claro em todas as reuniões", afirmou o deputado Valdemar Costa
Neto (SP), presidente do partido e
líder da bancada na Câmara.
Outro ponto do relatório de Pimentel que é analisado é o que
trata da redução das pensões que
ultrapassarem R$ 1.058 -o limite
pode ser aumentado.
"O governo tem sido muito duro com as viúvas", repete o deputado Roberto Jefferson (RJ), líder
do PTB na Câmara. Uma regra de
transição para o aumento da idade mínima de aposentadoria também está sendo discutida.
Ontem, foi divulgado um documento pelo grupo de 28 dos 93 deputados petistas, alinhados a tendências mais à esquerda no PT.
"Entendemos que ser base do
governo não apequena nosso senso crítico nem a autonomia de
nossos mandatos", dizia o texto.
Governistas da legenda contra-atacaram e classificaram-no de
"oportunista". "Facção do PT não
toma posição pelo partido", disse
o deputado Paulo Pimenta (RS).
Apesar das discussões, o plano
final governista para a votação será definido na próxima semana.
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