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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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CONFLITO AGRÁRIO

Segundo o presidente do órgão, eleição de Lula criou "expectativa" por uma reforma agrária mais forte

Incra diz que é normal haver mais sem-terra

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

No cadastramento dos acampados que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) realiza em todo o país, já foram registradas cerca de 80 mil famílias, disse o presidente do órgão, Marcelo Resende. Ele admite que o número de acampados cresceu após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas considera o fato "natural".
Segundo Resende, o fato de Lula e o PT sempre terem defendido a reforma agrária levou as pessoas a terem uma "grande expectativa".
"O presidente Lula é favorável à reforma agrária, o PT também sempre militou nessa área. Então, a sociedade se sente com maior confiança na reforma agrária. Portanto, me parece natural o contingente de famílias acampadas que temos em todo o Brasil."
Resende afirmou, no entanto, que a reforma agrária no governo Lula será realizada "de acordo com a lei". "Ninguém precisa se imbuir de preconceitos", disse.

MTL
Enquanto Resende se reunia com integrantes de movimentos sociais na superintendência mineira do Incra, na zona sul de Belo Horizonte, um grupo de aproximadamente 200 sem-terra ligados ao MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade) se postou em frente ao prédio do órgão para reivindicar agilidade na desapropriação de terras invadidas por eles no Triângulo Mineiro.
O grupo foi recebido pelo superintendente regional, Marcos Helênio. Depois, eles armaram suas barracas na calçada em frente ao órgão, onde passariam a noite.
A Polícia Militar acompanhou a movimentação de perto, mas não houve incidentes. Anteontem, o MTL bloqueou rodovias no Triângulo Mineiro.
Hoje, no Dia Nacional do Trabalhador Rural, os movimentos de sem-terra devem promover mobilizações isoladas. O MST deve fazer protestos em Alagoas e Pernambuco. A direção nacional do movimento informou que as manifestações devem se restringir aos acampamentos e que novas invasões não estavam programadas até ontem.
Em Alagoas, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pretende organizar mobilizações nas principais cidades do interior. Cerca de 10 mil pessoas devem participar das manifestações. Na cidade de Arapiraca (122 km de Maceió), numa das regiões mais ativas no conflito de terras no Estado, o MST diz que 2.500 pessoas serão mobilizadas.
No Pontal do Paranapanema (SP), o MST deve promover apenas um ato religioso, no domingo.
O evento deve reunir 10 mil pessoas na capital sergipana.

Arma política
Em Santa Catarina, o ministro Extraordinário de Segurança Alimentar, José Graziano, disse que movimentos sociais ligados à questão agrária são usados como arma política para atacar o governo Lula. "Fica difícil pedir para o trabalhador rural esperar mais tempo para ser assentado", disse. "O problema é que esses movimentos são utilizados como arma política, para dizer que o governo não funciona", declarou.
João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, falando a sem-terra e a pequenos agricultores gaúchos, ontem e anteontem, definiu sua organização como "um exército de 23 milhões de pessoas" que "não podem dormir enquanto não acabarem com eles [os latifúndios]".
(PAULO PEIXOTO)


Colaborou a Agência Folha


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