|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO BURITIS
Ministério Público desmonta todas as acusações contra os invasores da fazenda da família de FHC em Minas
Promotoria quer arquivar caso contra MST
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Ministério Público de Minas
Gerais devolveu à Justiça em Buritis, no noroeste do Estado, com
pedido de arquivamento, o processo sobre a invasão, pelo MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), em março do
ano passado, da fazenda Córrego
da Ponte, de propriedade da família do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
Assinam o pedido seis promotores e o procurador Afonso
Henriques Miranda Teixeira,
coordenador do Centro de Apoio
das Promotorias de Direitos Humanos e Conflitos Agrários.
Além de desmontar todas as
acusações contra os 16 sem-terra
indiciados pela Polícia Federal, o
Ministério Público vai encaminhar à Procuradoria da República
os autos para eventual processo
por "abusos e constrangimentos
ilegais" contra os invasores. Isso
porque uma adolescente de 15
anos, incluída entre os líderes do
movimento, foi levada para a sede
da PF em Brasília, ferindo o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Os sem-terra foram denunciados por invasão de estabelecimento agrícola e sabotagem, cárcere privado e resistência.
O Ministério Público concluiu
que não houve violência e que a
ação dos sem-terra se deu em
uma propriedade particular. Mas
como não houve denúncia por
parte dos donos da propriedade,
que também não prestaram depoimentos à Justiça, "estaria extinta a punibilidade pela perda do
direito de ação" no caso da denúncia por invasão e sabotagem.
Quanto à produtividade da propriedade, alegaram os promotores que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) não apresentou o devido
relatório. Além disso, consideram
"inadmissível" a denúncia por
cárcere privado dos dois caseiros
da fazenda, argumentando que
uma das supostas vítimas, Vilmar
Evangelista Neves, disse, em depoimento, que podia sair "a pé"
fazenda.
Violência e ameaça
Com base nos depoimentos dos
oficiais de Justiça, foram derrubadas as denúncias por violência e
ameaça, "apesar dos inegáveis esforços das autoridades policiais".
"Quanto à narração policial de
ameaças feitas com exibição de
"machados, foices, enxadas e coquetéis molotov", de se observar
que do auto de apreensão não
consta que tenham sido apreendidas "enxadas, foices e coquetéis
molotov". O machado? Ah, essa
"arma" realmente existia..., mas
era apenas um, e sem cabo, como
se vê pela fotografia acostada ao
laudo pericial", declararam.
Sobre o suposto desaparecimento de ferramentas e utensílios
da fazenda, que a PF alegou ter
encontrado durante as buscas,
"nada foi formalmente apreendido", além de não terem sido identificadas as pessoas com as quais
estariam os materiais.
O Ministério Público afirmou
ainda sobre os supostos danos
causados ao imóvel, o: "[...] não
têm qualquer expressão econômica para os proprietários, o que
poderia implicar na incidência do
princípio da insignificância [...]".
E acrescentou: "De qualquer
modo, irrelevante a discussão,
pois valem aqui as considerações
acima feitas sobre a falta de individualização da autoria, bem como sobre a extinção da punibilidade, caso identificados os autores, face à ocorrência da decadência pelo não-exercício do direito
de ação privada no prazo legal".
No caso de crime de invasão de
domicílio, escreveram os promotores: "Nos presentes autos, nada
indica que a sede da propriedade
rural fosse habitada por seus proprietários ou local onde estes efetivamente exercessem suas atividades profissionais, de modo que
não restou demonstrada ter sido a
intimidade violada".
Procurado pela Agência Folha,
FHC informou, por meio de sua
assessoria de imprensa, que não
vai se pronunciar.
Texto Anterior: Produtor terá R$ 500 mi de governo Lula Próximo Texto: Saiba mais: Em 2002, sem-terra entraram na sede da propriedade Índice
|