São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004/XADREZ POLÍTICO

PSDB e PFL têm menos militantes disputando a eleição municipal do que em 2000; aliados de Lula crescem pelo menos 31%

Sem máquina, oposição perde candidatos

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputarão as eleições de outubro com um contingente de candidatos que supera em ao menos 31% o total lançado por eles na última disputa municipal, em 2000.
Afastados da máquina federal, os oposicionistas PFL, PSDB e PDT vão em sentido contrário e encolherão suas candidaturas a prefeito e vereador em 22%.
Os números levantados nos próprios partidos mostram que nem mesmo a recente decisão Tribunal Superior Eleitoral de cortar 8.528 vagas de vereadores (14,1% do total) inibiu partidos que experimentam, pela primeira vez, a chance de concorrer na condição de "governo".
É o caso, por exemplo, do PC do B, que tem a maior expansão proporcional. Os comunistas lançarão cerca de 5.100 candidatos a prefeito e vereador, contra os 2.098 de 2000 (aumento de 143%).
"Somos um partido pequeno, que tem dois ministros. Isso nos dá uma outra dimensão. É aquela história, o vizinho chega e já o vê com outros olhos", disse o presidente do PC do B, Renato Rabelo.
O PL, oposição em 2000, também tem crescimento expressivo. A legenda salta de 20,6 mil candidatos em 2000 para 37,6 mil neste ano (82% de aumento). O PPS lançará 31 mil contra 20,4 mil da eleição municipal passada (51%).
Já o PT terá 35,2 mil candidatos, um crescimento de 32% em relação a 2000. "O PT cresceu mesmo quando estava na oposição. É natural que agora, sendo governo, aumente o interesse do partido comandar os municípios", disse José Genoino, presidente do PT.
Os outros governistas também crescerão. O PTB quer lançar 42,3 mil candidatos contra os 31 mil de 2000. O PP estima em 44,4 mil o número de seus candidatos; foram 35 mil em 2000. Já o PSB pretende subir de 16 mil para 21 mil.

Oposição
Embora elevem o conjunto de candidatos a prefeito, os oposicionistas cortaram as vagas de seus pretendentes ao Legislativo. PFL, PSDB e PDT -o único que já estava na oposição - lançaram 86 mil candidatos em 2000, mas devem disputar agora com 65,5 mil.
"O PFL de hoje está muito mais perto do PFL real, sem a superestimação daquele partido das últimas eleições", avalia o ex-ministro Alceni Guerra, responsável pela coordenação das eleições na legenda. O PFL teve a maior redução nos candidatos a vereador, de 42%, (de 45 mil para 28,5 mil).
"Agora a nossa prioridade é de crescimento nas médias e grandes cidades. Quem vai para os grotões é o PT", disse o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC).
O PSDB tem previsão de lançamento de 37 mil candidaturas, contra as 41 mil de 2000. O PDT cai de 25 mil para 21 mil.
Para o cientista político Jairo Nicolau, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), o fator governismo não é a única explicação para o crescimento. "O país tem mais de 5.000 municípios. Só o PMDB teria condições de possuir diretório em todos. Então, há um processo de expansão longe de chegar ao ápice."
O crescimento das candidaturas governistas neste ano pode ser ainda maior, já que o PMDB, que lançou o maior número em 2000, não tem ainda seus dados gerais.
Segundo a totalização e estimativas colhidas, o número de candidatos nas 11 maiores legendas do país será de 355 mil. O TSE diz que só terá o quadro oficial em agosto, mas estima que cheguem a 400 mil os candidatos no país.


Texto Anterior: Músico possui papel político
Próximo Texto: Troca-troca entre partidos engorda aliados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.